12.7.15

O Sucesso Em Meus Braços - Capitulo 5

Demi deu um suspiro de alívio enquanto recolhia as pernas e afundava as costas no recosto macio do sofá. Sobre o colo, uma vasilha enorme de plástico, lotada de pipocas.

Fazia muito tempo que ela não desfrutava de uma noite tranquila de folga para poder relaxar e assistir a um pro­grama na tevê. Uma vez que Joe havia sido chamado para atender a uma reunião de emergência, ela estava livre para ficar à vontade.

Não que ele a fizesse sentir-se desconfortável ou não insistisse para que ela agisse como se estivesse em sua própria casa. Ao contrário, Demi era quem não via a hora de poder voltar para o seu apartamento, por uma razão muito simples: morar com Joe significava uma tortura maior do que ela poderia suportar. Não no senti­do de um colega de apartamento, porque ele se compor­tava de modo perfeito. Usava seu próprio banheiro, mantinha a cozinha limpa e nunca tocava nas coisas que ela estocava no refrigerador para seu uso. Respeitava a privacidade dela em todos os sentidos.

E era aí que estava o problema.

Ele era perfeito demais. Até mesmo quando saía des­calço do quarto e em silêncio para não acordá-la e ia to­mar um copo de água na cozinha.

Às vezes, ela estava acordada quando ouvia o som aba­fado dos passos dele sobre o carpete do corredor e, no íntimo, desejava que ele entrasse no quarto dela com uma desculpa qualquer.

Patético.

Considerando que era ela quem insistira para que eles prosseguissem apenas como amigos, era irônico que esti­vesse tendo tanta dificuldade em permanecer fiel a essa idéia.

Ela balançou a cabeça e abocanhou um punhado de pipocas enquanto apertava o botão do controle remoto para ligar a tevê e colocar um DVD para rodar.

Quem sabe uma comédia a distraísse dos pensamentos fixos em Joe.

Tão logo o filme começou a ser exibido, Demi ouviu o som da porta de entrada do apartamento sendo aberta.

— Ah, você está aí ele perguntou e se sentou ao lado dela.  O que está assistindo?

— Uma comédia que a Anna me recomendou há quase três anos.

Ele riu.

— Parece que você não tem muito tempo para assistir DVDs, nãé?

— Quase nunca.

— Se importa que eu o assista com você?

— Claro que nã ela respondeu polidamente embo­ra sentisse vontade de recusar. Seria uma tortura precisar ficar ao lado dele naquele sofá por quase duas horas.

Ele apanhou algumas pipocas e as jogou no ar para apanhá-las com a boca, como fazia desde os tempos em que era um garoto.

Demi sorriu e depois ficou pensativa.

— Em que está pensando?  Joe quis saber.

— Você se lembra do velho carvalho que existia no quintal da minha casa?

— Aquele onde ficava pendurado um pneu que servia de balanço?

— Esse mesmo.

— Claro que me lembro. Você costumava me obrigar a empurrá-la no balanço, como se eu fosse um escravo — ele revelou com uma risada jocosa.

Ela também sorriu com a recordação de uma época onde eles não tinham outra coisa a fazer senão provoca­rem um ao outro e sorrirem felizes pelo amor que existia em seus corações.

Como ela gostaria de poder voltar no tempo e aprovei­tar, pelo menos, um daqueles dias.

— Você se lembra de quando costumávamos cami­nhar quilômetros no parque nacional da cidade para en­contrar um lugar tranquilo?

— Sim. E você me fazia carregar uma cesta de piquenique que pesava quase uma tonelada.

— Isso porque você estava sempre faminto! Eles riram divertidos.

Sim. Aqueles foram tempos incríveis. E durante os três meses que eles ficaram juntos, Demi nunca havia co­nhecido uma felicidade tão grande. Então, Joe partira e deixara um vazio tão grande no coração dela que Demi ainda não havia conseguido superar. Embora a explicação dele fizesse sentido, ela não sabia se teria a coragem de arriscar seus sentimentos outra vez.

E Demi precisava tomar uma decisão correta. Po­rém seu corpo parecia não querer cooperar. Prosseguir sentada tão próxima dele poderia provocar um sério de­sequilíbrio entre o que o seu corpo desejava e o que a mente lhe dizia.

Simulando um bocejo, ela avisou:

— Acho que vou deixar o filme para outro dia. Estou muito cansada.

Joe estreitou o olhar. Ele não acreditava naquela en­cenação.

— Você não vai conseguir me evitar para sempre, Demetria. Nós vivemos no mesmo apartamento, e eu raramente a vejo.  Ele estendeu a mão e alcançou a dela segurando-a com firmeza.  Será que nem ao menos podemos ser amigos?

— Claro que podemos  ela declarou e entrelaçou os dedos nos dele.  Apenas eu tenho estado muito ocupada.

Ele poderia tê-la pressionado a falar a verdade, porém Joe era educado demais, e ela sabia disso. Com um pu­xão gentil na mão dela, ele a forçou a chegar mais perto do seu corpo.

— Então nãé por medo que você está me evitando?

— Medo do que?

Ele inclinou a cabeça e sussurrou num ouvido dela:

— Nós.

Uma única sílaba com tantas conotações, ela pensou.

Nócomo os jovens amantes que eles costumavam ser no passado, ou nócomo as pessoas mais maduras em que se transformaram?

Era a última conotação que a assustava mais. Se ela se apaixonara por Joe quando ele tinha apenas 21 anos e era apenas um sonhador, como conseguiria evi­tar não cair de amores pela versão mais madura e sexy dele?

Demi ficou imóvel por um algum tempo apenas sa­boreando o calor da respiração acelerada dele contra a pele do seu rosto.

— Deixe-me adivinhar  ele pediu.  Você vai dizer que não existe nós, nãé?

O tom que ele usava na voz era mais de diversão do que de amargura.

Ela deu de ombros enquanto brincava com uma porção de pipocas que ainda restavam na vasilha.

— Bem, se somos amigos, isso significa que existe al­gum elo entre nós.

— Ah, amigos... Certo.

A insinuação contida nas palavras dele revelava que Joe não acreditava nela. E ela sabia que a cada novo dia ficava mais difícil resistir ao charme dele.

Demi ficou aliviada quando ele decidiu se erguer e colocar alguma distância entre eles.

— Sendo assim, acho que você não fará objeção em fazermos um passeio. Afinal, é o seu primeiro fim de se­mana livre.

— Talvez. O que você tem em mente?

Com as mãos nos bolsos e um suéter de algodão colado ao tórax avantajado, Joe transpirava sensualidade por todos os poros.

— Isso é surpresa  ele afirmou com uma piscadela divertida.  Mas, seja como for, eu garanto que me com­portarei apenas como amigo.

Incapaz de esconder um sorriso de desconfiança, ela o acompanhou com o olhar enquanto ele abandonava a sala.

*****

Enquanto a aguardava na praia, Joe observou Demi descer do jet ski e sentiu um aperto no peito que o assus­tou. Seria possível que estivesse tendo um infarto? Ele havia terminado de ser submetido ao exame físico anual, e o médico revelara que a sua saúde estava perfeita. Então o que estava sentindo só poderia significar uma coisa: o amor que sentia pela esposa estava aumentando a cada dia que se passava. Joe nunca acreditara nessa história de amor à primei­ra vista, até entrar na antiga cafeteria em Rainbow Creek e se deparar com a garota de cabelo espetado e sorriso encantador que estava atrás do balcão. Ter sugerido para que ela fugisse de casa para se casar com ele poderia ter sido uma grande estupidez, mas Joe nunca se arrepen­dera de ter feito isso. Seu único remorso era o de tê-la abandonado, mesmo considerando que tivesse sido para o bem dela.

Agora que ele já havia conquistado o que precisava para poder oferecer uma vida segura para Demi, Joe pretendia recuperar o casamento deles. Não importava o tempo que precisasse esperar, ainda assim, valeria a pena.

Demi saiu da água e caminhou na direção dele en­quanto inclinava a cabeça para um lado e torcia o cabelo para retirar o excesso de água.

Deus! Ela parecia um anjo de beleza naquela roupa jus­ta de mergulho. Mas de anjo ela não tinha nada. Desde que ele retornara, Demi estava lhe deixando louco com aquela história de amigos. Só que ele estava guardando uma surpresa para ela. E Joe esperava que de alguma maneira sua ideia funcionasse, para que Demi notasse o quanto ele estava sendo sincero ao querer reatar o casa­mento deles.

Assistindo ao andar cadenciado de Demi, Joe fi­cou deliciado ao notar-lhe as curvas gloriosas evidencia­das pelo material emborrachado que se colava ao corpo dela. A nova imagem da mulher que ele via na sua frente era mais sexy do que quando ele a conhecera na primeira vez, e isso acrescentava mais sensualidade para a esposa que ele nunca deixara de amar.

— E então? Está gostando da surpresa que fiz para a minha namorada?  ele brincou.

— Que eu saiba, não se trata de um passeio amoroso. Você não me disse que havia contratado uma firma para dedetizar o apartamento? E que precisaríamos passar o fim de semana na cabana da praia para não precisar sentir o cheiro dos pesticidas?  ela perguntou man­tendo um sorriso no rosto e secando o cabelo com uma toalha que ele havia lhe entregado.  Mas, se quer saber, eu nunca havia manejado um jet ski antes e adorei experiência.

— Ainda bem que você gostou  Joe falou em tom casual enquanto o olhar estava pregado na mão com que ela começava a abrir o zíper da roupa de mergulho. Ele sabia que era cedo para pressioná-la, mas tinha a certeza de que a chama do amor entre eles ainda flamejava com intensidade. E Joe confiava em seus instin­tos. Os mesmos instintos que o levaram a fazer fortuna no mercado das construções. Os mesmos instintos que o fizeram galgar o topo do sucesso e que o transformara em um milionário. E esses mesmos instintos agora lhe diziam que Demi desejava a reconciliação tanto quan­to ele.

— Você está com fome?  ele quis saber. Um inesperado ronco no estômago falou por ela, e Demi riu.

— Acho que ter caído daquela coisa por umas cem ve­zes me abriu o apetite.

— Eu só contei cinquenta  ele espicaçou.

Ela exibiu um sorriso desdenhoso para ele e perguntou:

— Existe algum lugar por aqui onde eu possa trocar de roupa?

Ele meneou a cabeça.

— Sinto muito. Ou você faz isso atrás da porta do carro ou então terá que esperar até chegarmos à cabana.

Ela adelgaçou os lábios em um sorriso matreiro.

— Ou então, você poderia estender uma toalha para proteger a minha privacidade. Mas só se prometer não me espiar.

— Nada feito. E não adianta me pedir para ficar de costas.

— Será que isso é tão difícil assim? Joe enlaçou a cintura dela e declarou:

— Eu acho que você sabe o quanto isso é difícil para mim. Acho melhor você se trocar atrás da porta do carro enquanto eu vou até uma daquelas dunas. Você tem dois minutos para fazer isso. Se demorar mais, eu não serei responsável pelos meus atos  ele sentenciou liberando-a de seus braços,

— Isso é uma ameaça ou uma promessa?  ela o pro­vocou.

— Vá logo antes que eu me arrependa!  Joe excla­mou apontando para uma das portas do carro.  Você tem dois minutos.

Com um beicinho de contrariedade, ela deu um suspi­ro exagerado e começou a descer o zíper para adiantar o trabalho.

Joe ficou imóvel. Não conseguia tirar os olhos do vão que começava a exibir a junção dos seios fartos e sensuais.

— Demetria...  ele murmurou com a voz rouca e avançou um passo.

— Acho que existe uma duna logo ali com o seu nome escrito nela  ela o lembrou com um brilho de diversão no olhar.

Emitindo um gemido de contrariedade, ele girou o cor­po e caminhou pelas areias quentes se afastando da tenta­ção o mais rápido possível.

Joe podia ser cavalheiro, mas não era um santo. Se ela tivesse descido o zíper um pouco mais, ele teria sido incapaz de prosseguir com a sua promessa de manter-se a distância.

Demi poderia estar se divertindo em provocá-lo da­quela maneira, porém Joe tinha todo o tempo do mun­do para esperar o momento certo e conquistá-la para sempre.

*****

No caminho de volta para a cabana, Joe insistiu em pas­sar por uma pequena cidade dotada de apenas uma rua principal, onde ficavam alguns bares e cafés destinados aos turistas que gostavam de visitar o local nos dias de verão.

Demi tinha a impressão clara de que ele desejava suscitar nela as lembranças do passado. As ruas quase de­sertas de Barwon Heads se assemelhavam muito com Rainbow Creek. E não precisaria ser um gênio para desconfiar da intenção de Joe ao passear tranquilamente pelo lugar. Apesar disso, ela adorou o passeio.

Contudo, estava ficando cada vez mais difícil man­ter-se afastada dele e fingir que pretendia apenas a sua amizade.

Quando eles chegaram à cabana, Demi decidiu ficar por algum tempo na varanda, apreciando a paisagem, en­quanto Joe entrou na casa.

Logo depois, ele apareceu na porta de entrada e per­guntou:

— O que você prefere Chardonnay ou Shiraz para acompanhar o jantar?

Ela girou a cabeça para encará-lo e respondeu com um sorriso:

— Chardonnay está ótimo.

— Tudo bem. O jantar estará pronto em alguns minutos  ele revelou e retomou para a cozinha. Os pés descalços produzindo um som alto contra o piso de madeira.

Demi deu um suspiro e apoiou as mãos no corrimão da varanda enquanto os pensamentos devaneavam. Será que ela deveria dar uma segunda chance ao casamento deles depois de tudo o que sofrerá? E o que aconteceria depois que ela lhe contasse que não poderia ter filhos, no caso de ela cometer a loucura de aceitar Joe novamente em sua vida?

O problema maior era perceber a atração física que ain­da existia entre eles. Não que Joe a estivesse pressio­nando. Ah, não, longe disso! Ele estava se comportando como um verdadeiro cavalheiro. Sem contar que ela estivesse adorando a companhia divertida dele, que agora ha­via incluído a culinária como mais uma de suas habilida­des e insistira em lhe preparar uma refeição especial.

Para tornar as coisas piores, ela havia concordado em passar a noite com ele na cabana. E agora estava se per­guntando se não havia cometido um grande erro.

Estava certo que eles estavam morando juntos na co­bertura de Joe, mas era algo muito diferente. Ambos estavam ocupados com seus respectivos trabalhos e quase nunca se encontravam.

Joe lhe dissera que eles precisariam passar o fim de semana na cabana por causa da dedetização e que seria uma oportunidade para que ela aproveitasse a folga. E ela aceitou sem ter pensado duas vezes. Parecera tão simples concordar com aquela ideia, uma vez que esti­vesse se sentindo tão exausta. Um fim de semana em uma praia tranquila seria o ideal para alguém que fosse tão fanática pelo trabalho e que não tirava uma folga há mais de um ano.

Agora que ela estava ali, Demi se deu conta da reali­dade de que eles estariam juntos todo o tempo, uma vez que não havia desculpas de trabalho ou reuniões de negó­cio. E se as barreiras que ela havia erigido para defen­der-se dele começassem a ruir? O que aconteceria?

*****

Joe afastou a cadeira para que Demi se acomodas­se à mesa. Depois, sentou-se no lado oposto ao dela e serviu duas taças de Chardonnay e entregou uma delas para ela.

— Aqui está! Chardonnay gelado e uma refeição de frutos do mar para dois.

— Obrigada  Demi agradeceu e, depois de erguer a taça no ar para um brinde, provou a bebida com um uma longa golada.

— Acho melhor ir devagar com o vinho. Se a minha memória estiver correta, na nossa noite de núpcias você tomou duas taças de Chardonnay e acabou indo direto para a cama  Joe avisou.

— Eu não me lembro de você ter reclamado.

Eles trocaram um olhar malicioso e depois caíram na risada.

— Bons tempos aqueles, não?  ele perguntou depois que conseguiu conter o riso.

— Os melhores  ela afirmou de maneira automática enquanto se concentrava em servir seu prato com uma porção de lula cozida e outra de salmão.

— Você sente saudades desses tempos tanto quanto eu?

Demi não queria prosseguir mentindo, por isso ace­nou positivamente com a cabeça enquanto pingava algu­mas gotas de limão em um bocado da lula cozida e prova­va a deliciosa iguaria. Estava espantada com a habilidade dele no preparo do prato.

Joe prosseguiu falando:

— Nós poderíamos tentar resgatar esses tempos  ele alcançou-lhe a mão que estava livre e a apertou.  Você sabe disso. Não acha que valeria a pena?

Por essa razão era que Demi tinha se arrependido de concordar com o fim de semana na cabana. Um pouco da companhia de Joe de vez em quando ela poderia suportar, mas enfrentar a intensidade daqueles olhos azuis que pare­ciam ler o que se passava na alma dela é que era a questão. Ela tomou um gole do vinho para ajudar a engolir o bocado de lula que ainda estava em sua boca. Então res­pondeu com honestidade:

— Para ser sincera com você, eu nem sei mais o que eu acho.

Joe recolheu a mão que segurava a dela e declarou:

— Está bem. Eu não tive a intenção de pressioná-la e sim de que você relaxasse nesse fim de semana.

Joe baixou o olhar para a refeição disposta em uma travessa no centro da mesa e começou a servir seu prato. Demi podia perceber que ele ficara magoado, mas o que ela poderia fazer? Não seria sensato jogar fora em um segundo todo o cuidado que levara tanto tempo para cons­truir. Ele lhe dissera que o fim de semana havia sido pro­gramado para que ela relaxasse e era exatamente o que Demi pretendia fazer enquanto travava uma batalha interna para descobrir o que deveria fazer. Casados ou não, ela não suportaria viver como amiga de seu marido para sempre e sabia que Joe também não a esperaria indefinidamente.

Demi precisava chegar a uma decisão para o bem de ambos. Ergueu a taça de vinho no ar e propôs um brinde:

— Que esse fim de semana nos deixe uma nova e boa lembrança para recordarmos.  Ela tocou na taça de Joe e prosseguiu:  E também aos novos tempos que o futuro nos reserva.

Considerando a maneira confusa como ela agira duran­te o jantar, Demi esperava que Joe não tivesse outro sentimento a não ser o de compaixão, por vê-la tão inde­cisa. Contudo, ela não poderia estar enganada quanto ao desejo que vislumbrava nos olhos azuis de Joe. Muitas vezes, enquanto estavam na cobertura, Demi notara um brilho de excitação nos olhos dele, mas desta vez, era di­ferente. O brilho do olhar dele estava tão intenso que o fulgor era capaz de atingir os recantos mais íntimos do seu corpo.

Ele ergueu o prato com o doce e perguntou:

— Você quer mais?

Observando a tensão que crescia entre eles, Demi sa­bia que Joe não estava se referindo ao doce propria­mente dito. Apesar de todo o cavalheirismo, ela sabia que ele apenas estava lhe testando, para saber até onde ela iria. Mas Demi sabia que, no instante em que baixasse suas defesas e permitisse que Joe entrasse em sua vida, qual­quer oportunidade de arrependimento estaria perdida. Po­rém não havia outra saída. A atração que eles ainda sen­tiam um pelo outro não os deixaria em paz até que o desejo fosse saciado. Era uma atração que começara em Rainbow Creek e persistira até agora.

Joe havia sido seu primeiro e único amor, e já havia se passado seis anos desde a última vez que ela sentira os prazeres que ele era capaz de lhe proporcionar.

De repente, Demi tomou uma decisão e afastou o prato de doces para um lado. Então aproximou os lábios dos dele e respondeu em tom enrouquecido.

— Sim. Eu quero.

Em questão de segundos, a tigela de chocolate e o prato de doces estavam na mesinha de centro, enquanto eles se abraçavam e se beijavam de maneira frenética.

Joe aproveitou um instante para erguer a cabeça e perguntar:

— Você tem certeza de que isso é o que deseja?

Ela ergueu a cabeça e o silenciou com um beijo carre­gado com a emoção que sentia em seu coração e sua alma. Um beijo que expressava seus sentimentos de uma manei­ra muito mais clara do que poderia ser feito com palavras. Um beijo que aceitava Joe de volta em sua vida de ma­neira silenciosa.

Enquanto os lábios se amoldavam, Demi se deli­ciava ao sentir a pele máscula por baixo da camiseta que ele usava e deslizava as palmas das mãos em movimen­tos de vaivém sobre a extensão das poderosas costas de Joe.

— Acho que devo tomar isso como um sim  ele mur­murou com um sorriso, assim que o beijo foi interrompi­do. Então passou a mordiscar um lóbulo da orelha dela enquanto as mãos acoplavam os seios fartos por baixo da blusa que ela vestia. E quando Demi estremeceu, ele provocou:  Eu gostei de saber que minha esposa sabe o que quer.

— Ah, sim. Eu sei muito bem o que quero  ela sus­surrou num fio de voz e jogou a cabeça para trás, a fim de promover mais espaço para que ele lhe explorasse os seios.

Joe ficou imóvel enquanto admirava o busto perfeito de Demi.

— Eu quero que você me diga o que exatamente você quer, Demetria.

Ela ergueu a cabeça e apoiando-se nos ombros largos do marido revelou com a voz firme.

— Eu quero você.

Aquelas palavras eram tudo o que Joe precisava ou­vir. Ele se levantou do sofá e, depois de enlaçar o corpo miúdo de Demi, a ergueu. Caminhou com ela nos bra­ços até chegarem ao quarto principal, que ficava no andar de cima da cabana.

Agora não havia como voltar atrás, mas Demi não se importou.

*****
— Eu tenho uma surpresa para você.

Demi ergueu uma sobrancelha e o olhou com zom­baria. Será que ele seria capaz de lhe oferecer uma surpre­sa maior do que ela havia recebido na noite anterior?

— Outra surpresa? Quando resolve agradar alguém, você realmente se supera, nãé Joe?

Ele deu uma risada tão encantadora que Demi sentiu os fios de cabelo da nuca se arrepiarem. Ou talvez, isso tivesse a ver com a redescoberta da incrível química que havia entre eles quando fizeram amor naquela noite.

— Você também vai gostar dessa outra surpresa. De maneira diferente, é claro  ele avisou com uma ponta de malícia no olhar e correu os dedos pela extensão da colu­na dela.

O simples toque da mão dele foi o suficiente para en­viar ondas de eletricidade por todo o corpo de Demi. Exatamente como acontecera na noite anterior. Contudo, a emoção que ela percebia no toque dele era o que mais a encantava. O amor que eles haviam feito naquela noite ultrapassava os limites do físico. Parecia que existia um elo invisível entre duas almas destinadas a ficar juntas pelo resto de suas vidas. E a cada suspiro, a cada novo toque da mão dele, ela era obrigada a reconhecer a verda­de: que nunca deixara de amar Joe.

Sim. Demi amava Joe apesar de ele tê-la abando­nado seis anos atrás, e aquela constatação a deixou livre das dúvidas que ainda restavam. Agora era hora de pen­sar no futuro e dar uma chance real para o casamento deles.

— Você já terminou o sundae? Se quiser ver a surpresa, precisaremos pegar a estrada o mais cedo possível.

Ela assentiu e afastou a banana split com cobertura extra de chocolate que ainda não havia terminado de saborear.

A cafeteria onde Joe a havia levado, na pequena ci­dade de Barwon Heads, se parecia muito com o antigo bar de seus pais, em Rainbow Creek. Desde os pôsteres pre­gados nas paredes até as cortinas de algodão nas cores branco e azul e as bordas franjadas das toalhas de mesa.

A lembrança dos pais evocou uma espécie de nostal­gia no coração de Demi. Ela até mesmo pediu o seu sorvete preferido nos tempos em que ajudava os pais na cafeteria.

— Vamos. Eu estou pronta.  Ela ergueu-se da cadeira e apressou-se em sair dali o mais rápido possível.

A lembrança dos pais lhe provocava um sentimento de angústia pelo que eles haviam feito. Ela os amava, confia­va neles, e eles a traíram.

Ela gostaria que as coisas tivessem sido diferentes e que tudo não tivesse passado de um engano. Mas sua mãe deixara bem claro que havia impedido de propósito que ela recebesse a herança da avó quando completara 18 anos. A sua vida teria sido muito diferente se os pais não tivessem interferido. Por isso, Demi não pretendia es­tragar seu dia pensando neles.

Aquele era um dia especial, um dia em que ela estava celebrando o fato de ter decidido se reconciliar com Joe. E o amor que eles haviam feito na noite anterior apenas comprovara o quanto ela ainda o amava.

Com esses pensamentos, Demi se encaminhou para o carro. Estava ansiosa para descobrir qual era a surpresa que seu travesso marido havia preparado para ela.

Ela estacou ao lado da SUV enquanto aguardava Joe terminar a conversa que estava tendo com um homem idoso na frente do bar. Ela aproveitou o tempo para estu­dar o perfil de Joe por um momento. A camiseta polo que ele usava salientava os braços fortes, e Demi se lembrava de ter explorado aquela musculatura quando eram jovens. Mas, na noite anterior, ela ficou espantada ao notar o quanto o físico do marido havia se desenvolvi­do naqueles seis últimos anos. Joe era um garoto char­moso naquela época e agora, um homem completo. E só de pensar que ele era o seu homem, Demi sentiu uma nova alegria inundar sua alma.

Após se despedir do homem, Joe caminhou ao en­contro dela. O jeans apertado revelando as pernas podero­sas e os passos confiantes. Seu homem... Ah, sim. Ela estava adorando a ideia de considerá-lo dessa maneira.

Depois de repousar um beijo ligeiro nos lábios dela, ele murmurou:

— Aquele sundae deveria estar muito bom, porque você ainda está sorrindo ao pensar nele.

— Quem foi que disse que eu estou pensando no sundae?

Ele moveu as mãos para os quadris dela e exibiu uma dúvida no olhar.

— Eu estou lisonjeado, mas acredito que você só está fazendo isso porque espera que eu lhe dê alguma pista sobre a surpresa.

— Eu não usaria de um golpe tão baixo!  ela excla­mou com pretensa indignação.

— Ah, usaria sim. Eu a conheço muito bem  ele re­vidou enquanto depositava mais um beijo nos lábios dela.

— Huum... Eu adoro seus beijos e tenho que admitir que o suspense está me matando. Quando poderei saber qual é a surpresa?

— Logo mais.

Joe abriu a portado passageiro para que ela se aco­modasse. Ele sempre fazia isso. Joe sempre fora um homem de natureza gentil e amorosa. Ela se lembrava de como ele costumava tratá-la desde o primeiro dia em que se conheceram. Só que agora Demi não queria mais fi­car se lembrando do passado ou do que acontecera depois que ele a abandonara. Desta vez, ela não tinha intenção de perdê-lo novamente.

Pouco tempo depois, eles trafegavam em uma estrada tranquila, e Demi apreciava a paisagem com a cabeça reclinada no encosto do banco de couro do veículo, com os olhos voltados para o vidro da janela.

— Posso lhe perguntar uma coisa?  Joe falou que­brando o silêncio.

— Claro  ela respondeu girando a cabeça na direção dele.

— Aquela cafeteria a fez lembrar-se dos seus pais? Ela franziu o nariz e concordou:

— Infelizmente sim.

— Quer falar algo a respeito disso?

— A respeito do quê? Dos meus pais ou da cafeteria?

Joe decidiu parar o carro no acostamento da estrada para poder conversar com ela. Acoplou o rosto dela entre as imensas palmas das mãos e depositou um beijo cari­nhoso nos lábios rosados de Demi.

— Você me contou que deixou Rainbow Creek logo depois da minha partida. Aconteceu algo de ruim entre você e seus pais?

Com um suspiro prolongado, Demi alcançou a ponta do cabelo preso no estilo rabo de cavalo, que pendia sobre o seu ombro direito e começou a torcê-la.

Ela não queria tocar naquele assunto. Pelo menos, não naquele dia. Porém, como Joe estava insistindo e ela decidira não mais mentir para ele, revelou:

— Meus pais se revelaram como sendo egoístas e manipuladores.  Engolindo a raiva que sempre sentia ao lembrar-se da atitude dos pais, ela prosseguiu:  Minha avó morreu quando eu estava com 16 anos de idade. Ela e minha mãe nunca se deram bem, por isso, minha avó me deixou como herança todo o dinheiro que possuía no banco. Eu nunca perguntei quanto era o valor, mas sabia que se tratava de uma grande quantia. Minha mãe tinha dito que a soma apurada pela venda dos imóveis de pro­priedade da minha avó tinham sido depositados em um fundo, ao qual eu teria acesso apenas quando completas­se 21 anos.

— Uau! É bom saber que você não está comigo por causa do meu dinheiro  ele gracejou enquanto afastava alguns fios de cabelo do rosto dela e aproveitava para afa­gar a pele sedosa.

Demi odiava ter que reviver antigas mágoas, mas, revelar para Joe os seus sentimentos, parecia aliviar-lhe o sofrimento.

— Meus pais sabiam o quanto eu queria me mudar para Melbourne. Na adolescência, eu vivia dizendo que, quando conseguisse receber a herança da minha avó, cairia fora dali o mais depressa possível. Com isso, eu não queria dizer que não amasse os meus pais ou que detestasse Rainbow Creek, mas aquele era o meu gran­de sonho.

— Eu sei disso querida.  E Joe sabia mesmo. Não tinha sido aquela a razão principal pela qual ele a deixara livre para realizar seus sonhos?

Depois de uma breve pausa, Demi prosseguiu:

— Depois que você partiu de Rainbow Creek, eu tive uma grande desavença com meus pais. Eles me disse­ram que eu havia cometido uma estupidez ao fugir para me casar com você e que isso comprovava que eu não tinha maturidade suficiente para cuidar da herança da minha avó. Foi então que eu descobri que, no testamen­to da minha avó, estava estipulado que eu poderia rece­ber o dinheiro quando completasse 18 anos. Mas eles mentiram para mim dizendo que isso só seria possível quando eu estivesse com 21 anos. Eles sabiam o quanto significava para mim que eu pudesse me mudar para Melbourne, mas eles conseguiram manipular a situação com um juiz para impedir que eu recebesse o dinheiro antes de completar 21 anos. Até hoje eu não compreen­do porque eles fizeram isso, a não ser que quisessem me manter acorrentada ao lado deles, como se eu fosse uma criança indefesa.

Ele apoiou as mãos sobre os ombros dela em uma atitu­de de apoio.

— Eles devem amar você demais para terem ido tão longe apenas para ganhar a sua companhia por mais três anos.

— Eu não consideraria a atitude deles como amor e sim como a de pais dominadores!  ela exclamou com indig­nação. Contudo, as palavras dele lançaram uma pequena semente de dúvida no pensamento dela. E se Joe esti­vesse certo? Demi nunca considerou que seus pais de­sejassem a companhia dela por um pouco mais de tempo antes que ela partisse para Melbourne. Ela apenas se foca­ra no fato de que eles haviam mentido para ela e que aqui­lo significava uma traição.

— Eu não estou afirmando que seus pais agiram da ma­neira certa nem quero lhe dizer o que você deve ou não fazer. Apenas eu notei a sua expressão de tristeza quando entramos naquela cafeteria que se parece com a de seus pais. Talvez você devesse esclarecer algumas coisas com eles.

— Talvez  Demi murmurou erguendo as mãos para afagar o rosto dele.  Mas eu o agradeço por ser tão compreensivo.

— Eu tento  ele respondeu com modéstia. Ela roçou os lábios nos dele e sussurrou:

— O que me interessa agora é que você dirija e me mostre logo qual é a surpresa que tem para mim.

Joe sorriu e se acomodou atrás do volante.

— Certo. Estaremos lá em poucos minutos.

— Não vai me dar nenhuma pista?  ela perguntou enquanto observava ele conduzir o carro de volta para o leito da estrada. Com os cabelo revolto e a camiseta polo vermelha, Joe parecia um daqueles modelos que apare­ciam nos pôsteres de propaganda de carros velozes.

— Eu não vou lhe dar nenhuma pista enquanto você ficar me encarando dessa maneira  ele revelou e deu uma espiada rápida na direção dela.

Demi ficou encantada com o brilho nos olhos azuis de Joe. Será que seria sempre assim entre eles? Uma constante provocação divertida e uma inexplicável atra­ção física? Bem, se esse poderoso entendimento entre eles não se arrefecera em seis anos, havia uma grande possibi­lidade de permanecer pelo resto de suas vidas.

— Eu estava apenas admirando o seu rosto. Ele sorriu.

— Está bem. Mas se você quer chegar a Melbourne an­tes do anoitecer, acho melhor parar com isso. Você é uma garota perversa.

— E você gosta disso, nãé?

— Pode apostar.

Demi riu e tornou a recostar a cabeça no encosto do banco. Ela tivera a certeza de que ainda amava Joe quando eles fizeram amor na noite passada, mas e quanto a ele? Estava certo que Joe desejasse a reconciliação, mas isso não significava que ele sentisse a mesma coisa por ela. Sim. Era ele quem a havia procurado e proposto uma reconciliação. Porém não tinha dito que ainda esti­vesse apaixonado por ela.

— Você não tem com o que se preocupar.  A voz de Joe interrompeu-lhe o devaneio.

— Quem disse que eu estou preocupada?  Ela per­guntou e olhou para o rosto dele. Joe mantinha a aten­ção na estrada, porém os lábios estavam curvados em um sorriso debochado.

— Você está torcendo as pontas do seu cabelo e, quando faz isso, significa que está preocupada com alguma coisa.

Ela estreitou o olhar.

— Está tentando ler a minha mente outra vez?

— Não. Apenas observando os seus gestos. Demi deixou de torcer a ponta do rabo de cavalo e repousou a mão sobre o colo.

— Por que eu deveria estar preocupada?

— Eu acho que você está mais do que preocupada. Está apavorada  ele declarou enquanto girava o volante para a esquerda e entrava em um caminho que não era asfaltado. A areia que se misturava na terra indicava que eles não estavam muito longe da praia.  Você tem medo de que eu a desaponte de novo ou até mesmo a abandone outra vez.

— Essa é a sua opinião profissional?

Ele arriscou uma espiada na direção dela e sorriu.

— Só se eu fosse um construtor maluco que estivesse precisando de um psiquiatra. Como homem, eu garanto que você pode ficar tranquila que eu jamais irei magoá-la outra vez.

Demi esperava que ele estivesse sendo sincero. Quando ele a abandonara, seis anos antes, ela ficara com o coração partido, mas se isso acontecesse outra vez, o desgosto acabaria com a sua vida.

Decidida a não dar asas para o medo e acabar estra­gando a surpresa que Joe reservara para ela, Demi concordou:

— Está bem. Ainda estamos longe de onde fica a sua surpresa!

Aparentemente satisfeito com a mudança do assunto, ele ergueu uma das mãos que mantinha no volante e ges­ticulou para o lado esquerdo:

— Fica logo depois da próxima curva.

— Então esse lugar...  ela se interrompeu no instante em que o veículo terminou de fazer a curva e uma paisa­gem deslumbrante se descortinou.  Uau!

Joe sorriu com as feições de surpresa que ela exibia. Então diminuiu a velocidade do carro para que Demi tivesse tempo de apreciar melhor a vista magnífica.

— Nada mal, nãé?

— Nada mal? É simplesmente de tirar o fôlego de qual­quer um!  Demi exclamou maravilhada.

Ela nunca fora o tipo de garota que apreciasse lugares solitários. Por essa razão era que trocara a pequena cidade de Rainbow Creek pelo esplendor de uma cidade grande como Melbourne. Contudo, diante da inacreditável visão que unia as areias alvas com o azul intenso do oceano que parecia não ter fim, ela sentiu que precisava rever seus conceitos.

— Acontece que essa ainda nãé a surpresa. Ela ergueu as sobrancelhas.

— Não?

— Não. A surpresa fica um pouco mais distante.

— Ah, você é uma graça!  ela zombou.

Ele a espiou com o canto dos olhos e depois de um sorriso maroto acelerou o carro de uma maneira que na curva seguinte o veículo parecia estar andando sobre ape­nas duas rodas.

Demi afundou as costas no banco e arregalou os olhos.

— O que acontece com os homens quando estão com uma máquina potente? Pensam que se trata de um brinquedo?

Ele deu de ombros.

— Você não sabe? Nós nunca crescemos.

Ela meneou a cabeça como protesto. O que ele dizia não era completamente verdadeiro. Joe havia crescido de muitas maneiras. Além da musculatura extra, ele se transformara em um homem valente e bem-sucedido. Um homem que não tinha medo de reviver o passado e enfren­tar as consequências. Ele tinha tido muita coragem para arriscar de se encontrar com ela na cafeteria sem saber como ela reagiria e também muita humildade ao revelar que desejava uma reconciliação.

Ou, talvez, Joe já soubesse qual seria a reação dela quando ele lançasse aquele sorriso charmoso que a cativa­ra desde o primeiro dia em que ele a conhecera.

— Para mim, você parece bem crescido  ela provo­cou enquanto se agarrava nas beiradas do assento do car­ro na medida em que contornavam mais uma curva da estrada.

— O que você acha?  ele perguntou assim que termi­nou o contorno da curva.

Demi não podia acreditar no que via. Se a visão do oceano já havia sido espantosa, as enormes mansões que se alinhavam às margens da estrada pareciam uma visão que estivesse fora da realidade.

— Que casas lindas!  ela exclamou enquanto admi­rava as luxuosas residências através do vidro da janela do carro.

— Agora eu vou lhe mostrar uma casa que irá deslum­brá-la  ele afirmou e entrou com o carro em um cami­nho sinuoso e pavimentado com pedregulhos que condu­zia a um terreno mais alto.

Demi ficou um pouco confusa ao imaginar a razão da insistência dele em visitar uma casa que parecia isola­da das demais. Tentando adivinhar o que Joe tinha em mente, ela comentou:

— Já sei! Você foi o construtor de uma mansão e quer me mostrar o resultado do seu trabalho. Essa é a surpresa?

— Algo parecido  Joe respondeu com um sorriso enigmático no instante em que o terreno se aplainava e uma majestosa residência surgia na frente deles.

Apenas que não se tratava de uma mansão qualquer e sim uma construção que ela parecia conhecer em seu ínti­mo. Uma casa que ela havia imaginado em seus sonhos muitos anos antes.

— Não posso acreditar nisso!  ela exclamou com um suspiro. Aquela era a própria materialização da casa que ela imaginara possuir algum dia para morar com Joe. E ela havia confidenciado com ele a respeito do seu sonho quando eles se casaram, seis anos antes.

Ela imaginava uma casa em estilo clássico com dois andares e uma quantidade de vidros que fizessem lembrar o museu do Louvre.

A casa dos seus sonhos... Joe a trouxera ali para mos­trar que ele conseguira construir uma réplica da casa que ela lhe confidenciara que gostaria de ter um dia para que eles morassem.

— Foi você que a construiu?  ela perguntou no mo­mento em que Joe estacionou o carro na frente da casa.

Ele assentiu e depois acrescentou com um sorriso zombeteiro.

— Com uma pequena ajuda dos pedreiros, encanado­res, marceneiros e alguns outros. Você gostou?

— Se eu gostei? Eu adorei!

Joe desceu da SUV e contornou o veículo para abrir a porta do passageiro e ajudar Demi a sair do carro. Ao vê-la afundar as botas de camurça no terreno arenoso, ele comentou abafando o riso:  Eu deveria tê-la prevenido para que usasse um calçado mais apropriado.

Lançando um olhar de mofa para ele, ela empinou o nariz e começou a caminhar.

— Não se esqueça de que eu fui criada no campo. Você vem ou não?

Ele sorriu e, alcançando-a, enlaçou os ombros dela. De­pois de subirem os poucos degraus que levava até a varan­da da casa, Joe questionou:

— Quer dar uma espiada no interior da casa?

— Será que o proprietário na irá se importar?

— Por que você não pergunta para ele?

Vendo o sorriso de zombaria que Joe ostentava, ela arriscou:

— Está querendo me dizer que você é o proprietário desta casa?

— Não. Estou querendo dizer que nósomos os pro­prietários desta casa.

— Como assim?

— Eu comecei a construir essa casa no momento em que eu consegui descobrir onde você estava. Eu queria provar o quanto você significava para mim e como eu acreditava em nosso futuro juntos.

Os olhos de Demi se encheram de lágrimas e algu­mas começaram a rolar pelo seu rosto.

— Então você se lembrava?

— Que esse era o estilo de casa que você sonhava para nós? Claro que eu me lembrava.  Com os polegares, ele afastou as lágrimas do rosto dela e acrescentou:  Como eu poderia esquecer as coisas que me disse se você foi a única mulher no mundo por quem eu me interessei?

— Pare com isso  ela pediu soluçando e enterrou o rosto contra o peito dele. O coração batia tão forte que Demi teve medo de que pudesse sofrer um infarto.

— Parar com o que?  ele perguntou enquanto afasta­va um pouco o rosto dela para poder encará-la.  Parar de amar você? Nunca!

Ele inclinou a cabeça e roçou os lábios dele no dela com ternura.

— Eu também te amo, Joe  ela confessou enquan­to chorava e ria ao mesmo tempo. Todas as dúvidas se dissiparam no instante em que Joe provou a intensidade do seu amor e até onde ele era capaz de chegar para pro­var isso para ela.

Exibindo um sorriso feliz como o de quem acabou de ganhar na loteria, Joe abriu a porta da casa e sugeriu:

— Essa era a minha surpresa e faço questão de mostrar a nossa casa para você.

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Com 5 coments eu posto o próximo. xoxo

6 comentários:

  1. finalmente......... mt boa essa fic....... Posta Mais!!!!

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  2. Heeei
    Quero mais, ta muito boa essa historia, não para agora não!

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  3. Por mais que eu queira saber o final dessa história, não quero que ela acabe kkkk'
    De qualquer modo, posta logo ><'

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  4. Posta mais por favor !! To morrendo de ansiedade *-*

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  5. Postaa logoooo. Não é justo para na melhor partee!!!

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