15.7.15

O Sucesso Em Meus Braços - Capitulo 7

No instante em que Joe se aproximou da porta dos fun­dos da casa de sua irmã mais nova, ele se preparou para acolher os corpos miúdos dos sobrinhos que certamente correriam para se atirar nos braços dele. Por mais que ele gostasse de Jodi, ele sabia que não ficaria a metade do tempo que costumava ficar na casa da irmã, se não fosse por causa dos gêmeos James e Jemma.

Depois de vasculhar os bolsos da calça para ter certeza de que não havia se esquecido de trazer a surpresa sema­nal, ele abriu a porta e, depois de fechá-la, estacou de cos­tas para a madeira e os braços cruzados contra o peito. As crianças ergueram a cabeça ao ouvir o ruído da porta sen­do aberta e, ao ver o tio, correram em disparada na direção dele.

— Ei, crianças!  ele exclamou e, inclinando o corpo, abriu os braços, segundos antes dos gêmeos se atirarem contra ele.

Joe os ergueu do chão, e as crianças lhe enlaçaram o pescoço, um de cada lado, e distribuíram beijos calorosos em seu rosto.

— Tio Blay... Tio Blay...  elas gritavam em uníssono tentando cada uma chamar mais a atenção do que a outra enquanto puxavam o cabelo dele.

— E, tenham calma!  ele censurou com um sorriso enquanto colocava as crianças novamente sobre seus pró­prios pés.  Vocês foram obedientes para a mamãe du­rante toda a semana?

— Hum-hum.  James resmungou enquanto os vivi­dos olhos azuis fitavam um bolso do jeans do tio. Jemma, um pouco mais tímida, enfiou o polegar na boca e ficou aguardando o que iria acontecer.

— Acho que essa pergunta deveria ser feita para mim.  Jodi afirmou com um sorriso enquanto colocava sobre a mesa da cozinha uma travessa lotada de frutas frescas e uma jarra de suco de laranja. O abdome um pouco mais proeminente do que na semana anterior. — Acho que você deve estar pensando porque eu estou querendo outro bebê antes de esperar esses dois traquinas crescerem um pouco mais.  Ela aproximou-se de Joe e deu um beijo cari­nhoso no rosto dele.

— Traquinas adoráveis você quis dizer, nãé?

Jodi sorriu ao observar que as crianças ficaram silen­ciosas como se fossem perfeitos anjinhos.

— Acontece que eles são traquinas a maior parte do tempo e só ficam quietinhos quando você aparece para suborná-los com suas surpresas uma vez por semana.

— Não se trata de suborno. Eu gosto de mimar os meus sobrinhos favoritos.

— Ah, é mesmo? Deixe a Sandy e a Monica saberem disso. Elas o esganariam. Você sabe como elas conside­ram os filhos delas como os melhores do mundo.

Joe deu uma risada sonora. Depois se inclinou e co­meçou a vasculhar os bolsos.

— Huum... O que será que eu coloquei aqui?

Os gêmeos abandonaram o bom comportamento e se agarraram no tio outra vez.

— James! Jemma!  Jodi repreendeu as crianças.

Joe piscou para a irmã por cima do ombro de James e desvencilhou-se com doçura das pequenas mãos que o agarravam. Então enfiou as mãos nos bolsos da calça e retirou um soldado em miniatura de cada um dos bolsos.

— Uau!  os gêmeos gritaram ao mesmo tempo e re­ceberam cada um o seu brinquedo. Em seguida, correram na direção do quarto a fim de guardar junto com os outros o seu mais novo "tesouro".

Eles estacaram no meio do caminho quando ouviram o grito da mãe

— Ei! Vocês não tem nada para dizer?

— Obrigado, tio Joe  eles agradeceram ao mesmo tempo.

— E quanto ao lanche? Vocês precisam comer alguma fruta.

— Eles poderão lanchar mais tarde  Joe opinou ao ver a expressão frustrada das crianças.  Deixe que eles brinquem um pouco.

Jodi ergueu os olhos para o teto e depois ofereceu que ele se servisse das frutas.

— Você é muito complacente. Espere até ter seus pró­prios filhos e verá que nãé tão fácil controlá-los.

O sorriso desapareceu dos lábios de Joe enquanto ele se acomodava à mesa e selecionava um cacho de uvas em seu prato.

— Por que você ficou tão sério? Eu disse algo que não deveria?

— Não. Nãé isso.  Joe colocou algumas uvas na boca e começou a mastigá-las devagar enquanto pensava no quanto deveria revelar para a irmã.

— Pode dizer, Joe. Está com alguma mulher em vista?

Ele não estava com uma mulher em vista e sim a mu­lher pela qual se apaixonara no instante em que a vira. A mulher que ele abandonara seis anos atrás. A mulher que o completava de uma maneira que nenhuma outra conse­guiria. A mulher que ainda tinha dúvidas quanto ao futuro deles. Ele percebera a incerteza nos olhos dela e a tensão do seu corpo no caminho de volta para Melbourne.

Ele tinha certeza de que ela ficara fascinada com a casa que ele construíra e havia concordado em dar uma segun­da chance ao casamento deles. Contudo, ela não conse­guia disfarçar sua desconfiança de que algo não estivesse certo. Demetria não acreditara nele quando Joe garantira que só precisava dela para se sentir completo.

Estreitando o olhar, Jodi fatiou uma maçã e colocou no prato dele.

— Ela não deseja engravidar? É por isso que você me olhou com surpresa quando eu falei sobre os seus futuros filhos?

Joe meneou a cabeça e tomou um gole do suco de laranja para acalmar o súbito ressecamento da garganta só de pensar no fato de que nunca teria seus próprios filhos.

— Nãé tão simples assim  ele tentou se esquivar.

— O que não seria tão simples?  Jodi insistiu.

Sabendo que a irmão nunca o deixaria escapar sem sa­ber, pelo menos, um pouco da verdade, Joe se recostou no espaldar da cadeira e entrelaçou os dedos das mãos contra a nuca.

— A mulher com quem estou envolvido é a Demetria. Jodi o olhou com espanto.

— A Demetria? Aquela garota com quem você se casou há seis anos e depois a abandonou? A Demetria que você sempre se referiu como o seu grande amor e que nunca a apresen­tou para a família?

Joe sorriu com o tom dramático que a irmã usava para falar.

— Ela mesma.

Quer dizer que você a encontrou? E o que aconte­ceu? Vocês se reconciliaram?  Jodi repousou as mãos sobre o abdome volumoso e o encarou com censura. — Vamos logo Joe, conte-me o que está acontecendo ou eu vou acabar tendo um parto prematuro por causa de tan­ta ansiedade!

Ostentando um sorriso de provocação, Joe girou o ros­to na direção da janela, por onde entravam os raios dourados do sol, deliciando-se com o calor que lhe aquecia o rosto, sabendo o quanto isso irritava a sua irmã tagarela.

— Eu não estou brincando!  ela exclamou estreitan­do o olhar.  Ou você me conta tudo agora mesmo ou eu vou ligar para a Mon e a mamãe e providenciar uma reunião com elas para...

— Está bem... Está bem. Tenha calma e mantenha o bebê na barriga por mais algum tempo.  Ele a espiou pelo canto dos olhos e espicaçou:  Embora a reunião com a Mon e a nossa mãe não fosse uma má ideia. Poupa­ria você de precisar se pendurar ao telefone para espalhar as fofocas no minuto em que eu saísse daqui.

— Engraçadinho! Está pensando que irá se livrar de me contar o que está acontecendo entre você e Demetria? Mais ainda, quando irá apresentá-la para a família?

Joe descruzou as mãos que mantinha sobre a nuca e endireitou os ombros. Então apanhou um damasco da bandeja de frutas e o colocou na boca. Procurou masti­gá-lo rapidamente, porque sabia que a irmã estava no li­mite da paciência. À velha história de que a curiosidade matou o gato não funcionava para Jodi.

Ele provou mais um gole do suco de laranja e depois apoiou os, cotovelos sobre a mesa lançando um olhar de diversão para a irmã.

— Você quer saber o que está acontecendo entre mim e Demetria? Nós estamos juntos outra vez, só isso.

Jodi deu um gritinho de alegria e bateu palmas.

— Eu sabia! Isso é maravilhoso! Estou muito feliz por você.

— Obrigado, Jodi. Eu estou realmente feliz  ele ad­mitiu com sinceridade.

Quando Joe conseguiu localizar Demi e começou a projetar a casa com a qual ela sonhava, ele tinha espe­ranças de que a poderosa atração que eles compartilha­vam seis anos antes ainda estivesse viva e que ela estives­se ansiosa para dar uma nova chance ao casamento deles. E agora que o seu plano se transformara em realidade, Joe mal podia conter sua alegria.

— Eu nunca vi você exibir tanta alegria, Joe. Estou muito ansiosa para conhecer a mulher que foi capaz de arrebatar esse seu coração de pedra!

— Não se preocupe. Logo você irá conhecê-la.

— E quando será?

Com um sorriso, Joe moveu a bandeja de frutas na direção da irmã e avisou:

— Não acha que está na hora de chamar as crianças para desfrutarem da dose diária de vitaminas?

— Não adianta tentar me distrair com essa história. Eu quero saber quando vou conhecer a sua esposa.

— Logo  ele repetiu.

Jodi franziu o cenho por um instante.

— Você ainda não me contou por que ficou tão sério quando eu comentei a respeito de você ter seus próprios filhos.

Joe já deveria saber que a irmã não teria sossego enquanto ele não revelasse o que estava acontecendo dentro do seu relacionamento com Demi. Contudo, ele não estava disposto a discutir o histórico médico de Demetria para satisfazer a curiosidade de Jodi.

— Eu e Demetria acabamos de nos reconciliar. Por isso, dê-nos um tempo, está bem?

Ela abriu a boca para dizer mais alguma coisa, e Joe ergueu uma das mãos no ar para impedi-la;

— Nem mais uma palavra, Jodi. Ou você muda o as­sunto ou eu prometo que só conhecerá Demi daqui a um ano.

— Não tem graça, Joe.  Jodi protestou enquanto es­colhia uma fruta e a colocava em seu prato.  Você não pode me culpar por estar curiosa para conhecer a sua esposa.

— Tenha um pouco de paciência, Jodi. Você vai conhe­cê-la em breve.

Joe realmente tinha a intenção de apresentar Demi para a sua família, mas não pretendia revelar a questão da infertilidade. Os Andrews costumavam ser adeptos da idéia de constituir uma família numerosa. E se ele preten­dia convencer a esposa de que o fato de não terem filhos no futuro não abalaria o seu amor por ela, então, o que ele menos precisava era ver sua família intrometendo o nariz em coisas que não lhes dizia respeito.

— Certo  Jodi concordou.  Mas é melhor que isso não demore muito para acontecer. Caso contrário, Sandy, Mon, mamãe e eu mesma ficaremos rio seu pé. E você não conseguirá evitar nós todas ao mesmo tempo.

— Deus me livre de precisar aguentar a pressão de to­das você ele afirmou com um sorriso e se ergueu da mesa.  Enquanto você termina a sua refeição de frutas, eu vou aproveitar para despender algum tempo com os seus adoráveis gêmeos.

No instante em que ele subia as escadas para encontrar os sobrinhos no quarto deles, por um instante, a ideia de nunca ter seus próprios filhos desfilou em sua mente. Contudo, Joe chegou à mesma conclusão que tivera an­tes. Se Demi estivesse com ele para o resto da vida, nada mais importaria.

*****

— Ei!  Demi exclamou no instante em que viu Joe com uma calça preta social e uma camisa na mesma cor.

— Por que não me avisou para que eu vestisse algo mais adequado?  Ele lhe dissera que se tratava de um chur­rasco no quintal da casa de uma de suas irmãs. Como o dia estava quente, ela escolheu um vestido de algodão casual para que se sentisse à vontade.  Eu vou trocar de roupa!

— Nada disso!  ele exclamou.  Você está linda nesse vestido. Além do mais, eu só coloquei essas roupas porque queria que você me visse com outra coisa que não fosse jeans e camiseta.

— Na verdade, eu gosto de ver você sem roupa nenhu­ma  ela provocou e se aninhou nos braços dele para sentir a deliciosa fragrância da loção pós-barba que ele acabava de usar.

Ele riu e depositou um beijo rápido nos lábios dela.

— Eu tenho certeza de que a minha família irá adorá-la. A família de Joe... Desde que ele a convidara para acompanhá-la naquele churrasco, Demi passara a semana inteira preocupada. Apesar de Joe informar que se trata­va de uma reunião casual, ela não conseguia refrear o medo de que talvez a família dele não fosse gostar dela. Afinal, Demi não tinha a mínima experiência em parti­cipar de reuniões com uma família numerosa e alegre.

Notando que Demetria não estava muito animada com a ideia, Joe alisou os braços dela em movimentos de vai­vém e tentou acalmá-la.

— Você vai ver que não será tão ruim assim.

— O quanto você contou para a sua família a meu respeito?

— Apenas o suficiente.  Ele a segurou pela mão e a conduziu gentilmente na direção da porta de saída do apartamento.  Vamos lá. Eles vão adorar conhecê-la.

Demi franziu o cenho. Ela sabia o quanto Joe era apegado à família dele e aos numerosos sobrinhos. Até poderia ser que todos soubessem a respeito do sonho dele em ter filhos também. E onde isso a deixaria depois de tentativas inúteis que comprovassem a sua esterilidade? Apesar de Demi ter sido honesta e Joe aceitar as con­dições, quem garantiria que ele conseguiria suportar essa ideia pelo resto da vida? Esse pensamento a aterrorizava. Ela sabia que não seria a mulher perfeita para ele, não importava quantas vezes Joe lhe dissesse o contrário.

— Bem, eu acredito que eles irão adorá-la. A menos que continue com essa expressão de quem está indo para um funeral.  Ele brincou.

Ela fez uma careta de provocação, e ele deu um beijo na ponta do nariz miúdo, provocando-lhe o riso.

— Tudo bem. Eu prometo que serei agradável.

— Essa é a minha garota!

Assim que eles se acomodaram dentro da SUV, Demi começou a alisar as saias e ficou satisfeita ao observar que ele espiava para as suas pernas com o canto dos olhos en­quanto dava a partida no motor.

— Nós não precisamos ficar muito tempo na reunião, nãé?

— Se você continuar me provocando enquanto alisa as saias, acho que nem mesmo conseguiremos chegar até lá. Ela esboçou um sorriso malicioso.

— Está bem. Prometo me comportar  ela afirmou ao mesmo tempo em que dava um beliscão na coxa direita dele e se deliciava ao sentir a musculatura firme em seus dedos.  Por enquanto  acrescentou.

Joe meneou a cabeça com um riso divertido nos lá­bios. Então passou a concentrar a atenção no tráfego intenso da estrada que circundava as docas.

*****

A família de Joe recebeu Demi com muito entusias­mo. Ela passou a ser o centro das atenções da festa e sen­tiu-se muito à vontade... Até que alguém levantou a inevi­tável questão:

— E então, quando os pombinhos decidirão iniciar uma família?

Joe se esquivou da resposta apenas com um sorriso divertido, como o de quem não estivesse preocupado com a ideia. Porém Demi captou um olhar censurado na di­reção dela. Parecia que eles a estavam acusando de alguma maneira. Talvez julgassem que ela não desejasse ter filhos por alguma razão ligada à vaidade ou ao egoísmo.

Bem, ela precisava se acostumar com isso. Ou então, teria que revelar seus problemas de saúde para as pessoas que mal acabara de conhecer. Embora Demi tivesse simpatizado demais com as irmãs dele, ela ainda não as considerava como sua verdadeira família.

Assistindo àquele maravilhoso entrosamento que Joe mantinha com a família dele, Demi sentiu saudade dos seus pais. Principalmente de sua mãe. Eles costumavam ser tão unidos... Desde que Joe lançara a semente de que talvez seus pais tivessem agido daquela maneira por desejar ter a companhia dela por mais tempo e não por uma atitude de tirania, Demi se perguntava se já não seria o tempo de esquecer o passado e visitar os pais para lhes dar uma chance de se explicarem.

Não que eles não tivessem tentado fazer isso nas inú­meras vezes que ligaram para ela e Demi se recusou a atendê-los. Até que seus pais desistiram de procurá-la.

E agora que ela se encontrava em meio a uma família amorosa e feliz, Demi se deu conta do quanto sentia a falta de sua própria família.

O fato de ter sido bem recebida como a esposa de Joe pela família Andrews foi algo maravilhoso. Talvez ela de­vesse fazer o mesmo com Joe e reintroduzi-lo como seu marido para os seus pais.

— Não adianta se esconder, porque eles irão encon­trá-la.  Joe se aproximou por trás de Demi e enla­çou-lhe a cintura.  Sabia que eles a adoraram?

Ela girou nos braços dele e exclamou com um sorriso feliz:

— Sua família é encantadora Joe!

Ele aproximou os lábios de um ouvido dela e sussurrou:

— Posso lhe contar um segredo?

— Claro!

— Eu estava com receio de que não fosse gostar de co­nhecer a todos de uma só vez. Para encarar Sandy, Mônica e Jodi e seus narizes intrometidos, é preciso ser muito es­perta. E eu estou orgulhoso de você.

Demi sentiu o coração se encolher de tanta ternura. Joe parecia muito feliz com o fato de Demi ter pas­sado no teste da família com excelente nota. Contudo, aquela não era a realidade do que se passava no interior dela nas últimas horas. Ela nunca se sentira tão infeliz como quando viu Joe brincar alegremente com os so­brinhos. Por mais doloroso que fosse, ela precisava acei­tar a ideia de que, apesar da afirmação dele de que ape­nas a companhia dela bastaria em sua vida, Demi sabia que algum dia isso não seria o suficiente para se­gurar o relacionamento deles. A ideia de deixá-lo livre começou a despertar em sua mente novamente. Só o pensamento em precisar se afastar do homem que amava lhe dilacerava o peito. Mas não havia alternativa. Se ela realmente o amava, precisava deixar que ele realizasse o seu sonho de ter filhos. Ele não lhe confessara que o motivo por tê-la abandonado há seis anos tinha sido para que ela tivesse a oportunidade de realizar os sonhos que ele não tinha condições de lhe oferecer naquela época?

Então ela precisava fazer o mesmo por Joe, não im­portava o quanto isso lhe custasse.

— Ah, não! Você está com aquela expressão outra vez!  ele exclamou desanimado.

— Qual expressão?  ela perguntou, improvisando um sorriso.

— Aquela de quem está indo para um funeral. Assim...  Ele fez uma imitação cômica, e ela riu divertida.  Eu diria que é do tipo de quem pensa demais.

Ele alisou com a ponta de um dos dedos o vão entre as sobrancelhas dela para fazer sumir as linhas profundas que sempre se instalavam quando Demi estava pensativa. Ela desejou que ele pudesse apagar a dor de seu coração da mesma maneira como fazia desaparecer a ruga de sua testa.

— Eu fico apreensivo sempre que a vejo franzir o cenho. Parece que você está pensando em revelar algo que eu não vou gostar. Estou certo?

Demi tinha que reconhecer que Joe a conhecia muito bem. Contudo, aquele não era o lugar nem o mo­mento certo para confessar o que estivesse sentindo.

— Eu apenas estou cansada. A cafeteria estava lotada ontem, e eu ainda tive que conferir alguns pedidos antes de fechar o bar. E você também deve estar cansado de­pois de ter carregado os gêmeos em seus ombros por tan­to tempo.

Joe sorriu e roçou os lábios nos dela com imensa ternura.

— Você esteve fantástica hoje. Obrigado.

— Por que está me agradecendo?

— Por todo o esforço que fez para agradar a minha fa­mília. E principalmente por ter concordado em continuar como minha esposa.

Observando o brilho de alegria nos olhos dele e, ao mesmo tempo, ouvindo a algazarra das crianças que cor­riam ao redor do pátio, ela sabia que deixar Joe seria a coisa mais difícil que deveria enfrentar na vida. Ela o amava de corpo e alma e sempre o amaria. Enquanto Demi fitava o rosto bonito de Joe e o sorriso encantador que estava sempre presente, ela tinha a certeza de que aquele homem representava tudo o que ela esperava da vida. E agora ela precisava se afastar dele para provar o seu amor. Procurando ignorar a dor que se espalhava pelo peito e comprimia seu coração até o limite do insuportável, ela cerrou as pálpebras para não prosseguir fitando o azul límpido dos olhos de Joe.

— Ei, o que eu fiz foi um elogio e não uma censura.  Ele brincou enquanto afastava o cabelo dela para trás das orelhas.

— Eu sei  ela respondeu e forçou-se a abrir os olhos, que agora se inundavam de lágrimas.

— Por que está chorando? O que aconteceu?  ele perguntou alarmado.  Eu sabia que não deveria ter for­çado você a conhecer todos os membros da família de uma só vez.

Ela meneou a cabeça e se esforçou para conter as lá­grimas.

— Sua família não tem nada a ver com isso. Eles são pessoas maravilhosas. O que acontece é que estou exausta.

Agora foi a vez de Joe franzir o cenho.

— Sabe de uma coisa, Demetria? Eu não vou engolir essa história de cansaço, mas não pretendo pressioná-la. Não aqui.  Apanhando a mão dela, ele apontou para a saída da casa.  Vamos embora.

— Sem nos despedirmos?

— Você acha que está em condições de fazer isso? Ela secou algumas lágrimas com o dorso das mãos e pediu:

— Preciso apenas de alguns minutos. Eu vou até o toalete refrescar o rosto e depois quero agradecer a sua famí­lia pela calorosa recepção que eles me proporcionaram. Então poderemos ir.

— Tem certeza?

— Tenho. Dê-me apenas cinco minutos e estarei de volta para a despedida  ela afirmou e começou a cami­nhar para dentro da casa.

Demi mal havia dado alguns passos quando Joe a chamou. Ela estacou e o espiou por cima de um ombro.

— Sim?

— Não se esqueça de que eu a amo muito  ele decla­rou com o sorriso magnífico de sempre.

O sorriso que ela levaria na memória para o resto da vida. Aquela declaração deveria fazê-la sentir-se a mulher mais afortunada do mundo. Em vez disso, ela se sentia a mulher mais infeliz da face da terra, por precisar renun­ciar ao grande amor da sua vida.

Demi apenas esboçou um sorriso e prosseguiu na di­reção do toalete. Precisava recuperar seu equilíbrio emo­cional, porque iria precisar muito dele quando chegasse o momento de deixar Joe.

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Capítulo novo no ar, com 5 comentários posto outro ;)
xoxo

5 comentários:

  1. Não acredito nissoooo!!!! Ela vai mesmo ter coragem de deixa-lo? Continua logo por favor!!!!

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  2. PRECISO do próximo capitulo. A Demi não pode abandonar o Joe :'( poste logo, sim? Beijoos :*

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  3. Oiie, Estou adorando a Fic.
    A Demi não pode abandoná o joe. Tomara que a Demi tire isso da Cabeça e Seja feliz com o joe

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  4. To sofrendo horrores lendo esse cap a demi não pode deixar o joe, posta logo

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  5. A Demi não vai deixar o Joe né?
    Preciso de prox. capitulo tbm.................... Posta Mais!!!!

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