19.8.15

Dois Pequenos Milagres - Capitulo 8

— Você tem certeza?

— Tenho.

Respirando fundo, Joe se levantou lentamente e esten­deu a mão, puxando-a de forma que ela ficasse em pé à sua frente, a centímetros de distância, mas sem tocá-la.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu sei.

Ele fechou os olhos, disse algo que ela não conseguiu ouvir e se virou.

— Precisamos arrumar tudo isso e cuidar do cachorro.

— Deixe que eu faça isso.

— Não. Faremos juntos. Será mais rápido. — Joe co­locou tudo de volta na bandeja e levou-a para a cozinha, com Murphy em seus calcanhares, e levou o cachorro para fora enquanto Demi colocava o leite na geladeira e se certificava de que a comida estivesse fora do alcance de Murphy. E estava, com exceção dos chocolates.

Joe voltou com o cão, apanhou as trufas e olhou nos olhos dela.

— Eu cuido delas — disse ele, e ela foi imediatamente levada para outro tempo, outro lugar, quando ele trouxera chocolates para a cama e os colocara em sua boca um a um, enquanto fazia amor com ela. Demi ainda podia sentir o gosto deles.

— Não olhe para mim desse jeito — disse ele, com voz tensa —, ou eu perderei o controle completamente.

Demi o ouviu murmurando algo para o cachorro e fe­chando a porta, e então sentiu a presença dele bem atrás de si, o calor de seu corpo a milímetros de distância.

— O seu quarto ou o meu?

— O meu. É mais longe dos bebês.

Só um pouco, mas ela não tinha certeza, depois de tanto tempo, que seria capaz de controlar suas reações ao fazer amor com ele; o chuveiro no escritório não fora a única ocasião em que ele a fizera gritar. De jeito nenhum.

Ela acendeu a luz, mas ele trouxera a vela, colocando-a sobre a cômoda ao lado dos chocolates, acendendo-a e apagando a luz em seguida. Ela apreciou o gesto, porque subitamente lhe ocorreu que Joe não vira seu corpo desde que ela tivera os bebês. E, com os efeitos da amamentação, a cicatriz da cesariana e o aumento de peso, talvez ele pre­cisasse ser apresentado à nova Demi de forma mais sutil.

Mas parecia que ele não estava com a mínima pressa de tirar-lhe as roupas, afinal de contas. Em vez disso, ele cor­reu os dedos pelos cabelos dela, abaixou a cabeça e to­cou-lhe os lábios com os seus. Foi um toque levíssimo, um roçar suave de pele sobre pele, mas, quando ele moveu a cabeça de um lado para o outro, com os lábios colados ao leia, a pressão aumentou, intensificando a sensação, até que Demi sentiu um gemido lhe escapar da garganta. Oh, Joe, beije-me, ela implorou silenciosamente, e como se a tivesse ouvido, ele segurou-lhe a cabeça mais firmemente entre as mãos e correu a língua por seus lábios, forçan­do-os a se abrirem.

Eles não precisavam ser forçados. Ela os abriu para ele r, com um gemido abafado, Joe colou a boca à de Demi e a explorou, faminto, curioso, agressivo, sua língua duelando com a dela, deixando-a louca. Só quando eles pre­cisaram interromper o beijo para respirar, ele ergueu a cabeça, o ar parecendo raspar-lhe os pulmões, seus olhos brilhando à luz da vela.

— Demi, preciso de você — sussurrou ele, sua voz rouca e urgente.

— Eu também preciso de você. Por favor, Joe. Agora.

E, sem mais demora, ele tirou a camisa, arrancou a calças e as meias, e chutou os sapatos para longe em um único movimento. As cuecas não escondiam nada, e o tecido suave se colava à sua ereção. Demi sentiu a boca seca. Fa­zia tanto tempo. Seu corpo estava tremendo, seu desejo era tão grande que ela mal podia se mover, mas estava tudo bem, porque ela não precisava. Ele estava ali, suas mãos tirando-lhe a blusa gentilmente, cuidadosamente, por sobre a cabeça; quando viu o sutiã, fechou os olhos por um instante, e ela percebeu que os lábios dele se me­xiam sem emitir um som.

— Graças a Deus, você não me mostrou isso na loja — disse ele finalmente, e ela riu, um tanto sem fôlego.

— E tem mais — respondeu ela, e ele grunhiu, abrindo o zíper de sua calça. Ela encolheu o estômago, mas ele fez um som de desaprovação e correu os dedos por ele, sua palma quente e seca acariciando-lhe a pele, seus dedos deixando um rastro de fogo. Um dedo percorreu o elástico do delicado short de renda.

— O que é isso? — perguntou ele, a voz trêmula.

— Pensei que você iria gostar.

— Você vai me matar — sussurrou ele, e, tomando-a nos braços, fez com que seus corpos se tocassem pela primeira vez. Ambos soltaram uma exclamação abafa­da, e respiraram, e se aproximaram ainda mais um do outro, até que finalmente ele ergueu a cabeça e olhou nos olhos dela. — Demi, eu preciso de você agora, ou vou morrer, juro — disse ele, hesitante. — Preciso tanto de você. — Seus olhos estavam brilhando, e seu peito arfava contra o dela; a luz da vela acentuava a definição de seus músculos e transformava sua pele em ouro, en­quanto ele a erguia gentilmente nos braços e a colocava na cama.

Ele a seguiu, seus olhos jamais abandonando o rosto dela, e finalmente percorrendo-a, seguindo o percurso de suas mãos enquanto lhe acariciava a pele, deixando uma trilha de fogo. Ele correu os dedos pela renda do sutiã, acompanhando a linha do decole, e então acariciou-lhe os seios, os polegares tocando-lhe levemente os mamilos até que ela achou que fosse gritar.

— Eu quero sentir o seu gosto — murmurou ele com a voz rouca. — Todos os dias, eu vejo as meninas ma­mando, e...

Ela queria, também. Ansiava por isso. Demi abriu o fecho frontal e pensou que era conveniente, mas imaginou agora se ele não tivera aquilo em mente o tempo todo. Ele afastou os bojos, tomou-lhe um seio na mão e o levou aos lábios. O leite escorreu pelo mamilo, e ele o apanhou com a língua, provando-o; em seguida, fechou a boca sobre o seio dela e o sugou com força. Ela emitiu um ruído abafado, e uma onda quente de desejo a atingiu com uma intensidade fatal; ele ergueu a cabeça, seus olhos escuros agora, e a boca rígida.

Por um longo momento, eles permaneceram assim, os olhos fixos um no outro. E então, com um som desespera­do, ele arrancou o pequeno short de renda que ela usava e as próprias cuecas, e se moveu sobre ela, suas coxas sóli­das e musculosas contra as pernas dela, abrindo-as.

— Demi — ele sussurrou. E, em seguida, estava lá, den­tro dela, preenchendo-a, e Demi sentiu a tempestade que se aproximava, a sensação que a dominava, até que finalmen­te tudo explodiu e o clímax pareceu cortá-la ao meio. Ele abafou o grito dela com a boca, misturando-o ao gemido selvagem que lhe escapou do peito. E, em seguida, rolou para o lado, levando-a consigo, seus corpos ainda colados e os corações martelando; e, quando Demi finalmente abriu os olhos, Joe estava olhando para ela com uma expressão maravilhada, os cílios molhados de lágrimas.

— Eu amo você — sussurrou ele, e, puxando-a para mais perto, aconchegou-lhe a cabeça sob o queixo e envolveu-a nos braços, suas mãos acariciando-lhe a espinha lentamente, ritmicamente, até que por fim ela adormeceu em seus braços.

Ele sentira tanta falta dela.

Joe nunca lhe dissera isso; jamais revelara o inferno que o último ano havia sido. Oh, ele lhe dissera algumas coisas, mas nada comparado ao que estava trancado em seu cora­ção. Mas ela estava de volta agora e, mesmo que isso o ma­tasse, ele se certificaria de não falhar com ela novamente.

Seu braço estava ficando adormecido, mas ele não que­ria perturbá-la. Ele estava simplesmente aproveitando o privilégio de abraçá-la, e não tinha certeza de como ela estaria quando acordasse. Distante? Arrependida?

Diabos, ele esperava que não.

E então, ela se mexeu, abriu os olhos e sorriu para ele, e Joe sentiu a tensão se esvair dele como o ar que sai de um balão estourado.

— Oi.

— Oi — respondeu ele, beijando-a suavemente nos lábios.

— Você está bem?

— Sim. E você?

— Oh, sim, estou muito bem.

— Minha perna está adormecida.

— Grande coisa. Acho que o meu braço caiu.

— Isso vai doer.

— Aham. Ela sorriu.

— Um, dois, três...

Ele deu um pequeno grunhido e se afastou um pouco dela; em seguida, riu e a puxou novamente para si, e eles ficaram deitados com os dedos entrelaçados e as cabeças juntas no travesseiro.

— Melhor?

— Sim. Joe?

— Sim?

— Eu amo você.

— Oh, Demi. — Ele rolou na direção dela, sem se im­portar com a sensação de formigamento no braço, e a bei­jou gentilmente.

— Eu amo você, também.

— Ótimo — murmurou ela, e um segundo depois Joe ouviu um ronco suave e quase imperceptível.

Joe sorriu. Ele poderia zombar dela de manhã, pen­sou, e, movendo-se para mais perto de Demi, passou o bra­ço por sua cintura e voltou a dormir.

*****
Os bebês a acordaram, e ela rolou de costas, abriu os olhos e piscou. Já era dia claro, e ela podia ouvir a voz de Joe no quarto das meninas. Saindo da cama e fazendo uma careta ao sentir dor nos músculos desacostumados, ela vestiu o roupão apressadamente e foi até eles.

— Oi, meus amores — disse ela, entrando no quarto, e as meninas sorriram para ela de seus berços.

— Estou incluído nisso? — perguntou ele, parecendo sexy demais para seu próprio bem usando nada mais que cuecas, e ela riu.

— Pode ser. Há quanto tempo elas estão acordadas? — Alguns minutos. Eu troquei as fraldas delas e dei uma mamadeira de suco, mas acho que elas querem a mãe e algo mais substancial.

— Tenho certeza de que sim. Vamos lá, minhas peque­ninas. Vamos para baixo dizer "oi" ao Murphy?

Ela tirou Ava do berço e a entregou a Joe, e então to­mou Libby nos braços.

— Oi, danadinha. Você vai se comportar hoje?

— Provavelmente não, se ela for como a irmã. Vou ins­talar o portãozinho delas esta manhã.

— Ah, sim, faça isso, por favor. Oi, Murphy! Como você está, garoto? Achou algo gostoso para comer?

— Tenho certeza de que ele tentou. Não foi, seu velho malandro?

Murphy bateu e abanou a cauda, sorrindo para ele, e Demi riu.

-— Ele é um tremendo puxa-saco. Você é um cão horro­roso, sabia? Vamos, Libby, vá com o papai.

— Pa-pa — disse ela, e os dois ficaram paralisados.

— Eu sonhei com isso? — perguntou Demi, e Joe riu, dando de ombros.

— Só se eu sonhei, também. Pensei ter ouvido Ava dizer "pa-pa" ontem, mas achei que ela só estava balbuciando.

— Pa-pa! — gritou Ava do cercadinho, apoiando-se na beirada e sorrindo furiosamente para ele, e Demi sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.

— Elas disseram o seu nome — sussurrou ela, apertan­do a mão contra a boca, e Joe engoliu em seco e sorriu, e parecia prestes a chorar a qualquer minuto.

*****

O café da manhã terminara, as meninas haviam tomado banho e trocado de roupas, e Joe tentava não pensar no fato de que não podia levar Demi de volta para a cama por algumas horas. A menos que as gêmeas tirassem uma so­neca durante a tarde, obviamente.

— Vamos procurar uma casa? — sugeriu ele, para des­viar seus pensamentos de Demi.

— Claro. Se eu trouxer o computador, podemos fazer isso aqui. Temos conexão sem fio. — E ela desapareceu, voltando em seguida com um laptop. O computador per­tenceria a John Blake?

Não. Não comece com isso. Ele deu um lar para a sua família.

— Vá mais para lá — disse ela, acomodando-se no sofá com o laptop. — Tudo bem. Este é um dos sites das gran­des imobiliárias. O que estamos procurando, e em que faixa de preço?

— Eu não estabeleceria um limite. Comece por cima, e depois poderemos descer.

— Mesmo?

— Bem... sim. Por que não? Você quer morar em al­gum lugar horrível?

— Não, eu quero morar em um lugar normal — retru­cou ela, e ele suspirou.

— Digite a área em que você está interessada, e vamos ver o que há disponível.

Nada. Aquela era a simples resposta. Não havia nada que não fosse pequeno demais, ou longe demais, ou exa­gerado demais, ou totalmente inadequado. E nada, abso­lutamente nada se comparava ao "Chalé das Rosas".

— Eu gostaria de poder ficar aqui — disse ela, triste­mente.

— Ele não venderia a casa?

— Você a iria querer?

— Não depende realmente de mim, não é? Estamos fa­lando sobre a sua casa, a sua escolha, um lugar para você e os bebês. E acho que tudo o que farei será visitar vocês.

Os olhos dela se enevoaram, e ela os desviou rapida­mente.

O que foi agora?

— A menos que eu trabalhe de segunda a sexta e volte nos finais de semana. Não gosto muito de todo esse deslo­camento. Prefiro trabalhar menos dias.

— Como? Seis dias ao invés de sete? Ele suspirou.

— Podemos começar de novo?

Demi desviou os olhos e mordeu os lábios.

— Desculpe-me. É só que... parecíamos estar nos dan­do tão bem, e então o futuro se intromete e não há jeito de contorná-lo.

E as meninas estavam impacientes e entediadas.

— Vamos vesti-las e sair para uma caminhada — suge­riu ele. — Podemos usar os cangurus.

Eles haviam comprado cangurus no dia anterior, para poder carregar as meninas junto ao peito sem levar o car­rinho, e dividiram as tarefas: Os dois se revezavam com as meninas todo o tempo, ele percebeu, como se não qui­sessem criar um laço mais forte com uma ou outra. Era estranho como aquilo simplesmente acontecera, sem que Demi e Joe discutissem o assunto; mas sempre fora assim com eles, que dificilmente precisavam discutir as coisas: simplesmente concordavam. Até aquele momento, pelo menos, e parecia que dividir as tarefas relacionadas com as gêmeas igualmente era a única coisa sobre o que con­seguiam concordar.

Bem, fora da cama, ao menos. Aquilo ainda era tão fan­tástico como antes, Joe ficou aliviado em descobrir. Mas ele não queria pensar sobre o assunto agora.

Eles caminharam pela margem do rio por algum tempo, enquanto Murphy corria de um lado para o outro, farejando tudo, e cavava alguns buracos furiosamente em busca de algum roedor ou alguma outra criatura desafortunada; depois do passeio, todos voltaram para casa.

— Algum desses celeiros pertence à casa? — perguntou Joe, e ela assentiu.

— Sim, todos eles. Isto costumava ser uma fazenda, a "Fazenda Rose", mas os campos foram todos vendidos, juntamente com o nome, e a casa foi rebatizada de "Chalé das Rosas". O que é uma bobagem, na verdade, porque ela é grande demais para ser um chalé. Mas você entendeu.

Joe olhou em volta com curiosidade. Havia várias construções que eram pequenas demais para que se pudesse fazer algo específico com elas, mas outras, como a fileira de antigas cocheiras de tijolos, abertas na frente, poderiam ser transformadas em acomodações para o pessoal do escritório. Se ao menos eles pudessem encontrar alguma coisa parecida à venda, haveria a possibilidade de ele trabalhar de casa. Não apenas ele, mas outros dois ou três membros de sua equipe; seria um tipo de "escritório-satélite". Joe conhecia muitas pessoas que haviam diminuído o alcance de suas operações e "virado empresários rurais", como um deles havia descrito, mas ele jamais vira atrativo algum naquilo. Até agora.

— Venha ver o jardim — disse ela, e o levou pelo portão até a lateral da casa. Joe estivera ali com o cachorro, ob­viamente, mas nunca examinara o local atentamente. E, enquanto ela lhe mostrava o jardim e falava sobre ele, Joe começou a vê-lo pelos olhos dela. E era lindo. Um pouco árido, naturalmente, já que eles estavam no meio do inver­no; mas mesmo agora havia narcisos e pés de açafrão nas­cendo, e os botões estavam se formando nas roseiras. Se Joe olhasse com atenção, poderia imaginar o jardim em pleno verão.

— Eu tenho fotos deste lugar com as roseiras flores­cendo — disse ela. — É encantador.

Ele imaginava que fosse. Podia ver. E se lembrou do que ela lhe dissera no dia em que o deixara.

Eu quero... uma casa, um jardim, tempo para cuidar das plantas, para enterrar minhas mãos no solo e sentir o perfume das rosas... Nós nunca paramos para sentir o per­fume das rosas, Joe. Nunca.

Bem, ela possuía seu jardim agora, e suas rosas. Observando-a falar sobre eles, Joe podia ver a mudança em Demi, o brilho em seus olhos, o calor em sua pele, a vida que havia nela. Vida real, não apenas a onda de adrenalina após uma grande conquista, mas uma satisfação e um con­tentamento genuínos.

E o que mais o chocava era perceber que ele queria aquilo, também.

*****

— Por que você não tira um dia de folga com Jane?

— O quê?

— Você me ouviu. Eu posso cuidar das meninas. Fica­remos bem.

— Você tem certeza?

— Sim, ficaremos ótimos. Você não confia em mim?

— Ora, claro que confio em você. Só não tenho certeza de que você sabe no que está se metendo.

— Um total inferno, imagino, mas tenho certeza de que sobreviveremos.

Demi pensou no assunto e sacudiu a cabeça.

— Não. Mas posso ir encontrá-la para tomar um café — sugeriu ela, transformando a oferta dele em algo mais fácil de administrar. — Além disso, ela está com o bebê, e vai precisar levar as outras crianças para a escola e ir bus­cá-las, e está sempre muito ocupada. Mas perguntarei a ela. Quando você estava pensando em ficar com as meninas?

— Quando você quiser. Que tal amanhã?

O dia seguinte era uma segunda-feira. Uma semana desde que ele chegara, e dois dias depois deles terem aca­bado na cama. E fora incrível, mas ela estava se deixando viciar, e havia outras coisas em que pensar. Como Joe em Londres e ela ali, com as crianças.

Ela o amava. Desesperadamente.

Demi só precisava encontrar uma forma de fazer o rela­cionamento funcionar, pelo bem de todos.

— Eu vou telefonar para ela —- disse Demi.

— Demi? Como você está? Eu andava com medo de perguntar!

— Oh, estou mais ou menos. Bem, na maior parte. — Muito bem, mas ela não queria falar sobre aquela parte; e as partes ruins, bem, essas eram difíceis demais para dis­cutir. — Olhe, Joe se ofereceu para ser a babá, para po­dermos tomar um café. O que você vai fazer amanhã?

— Nada que eu não possa cancelar. Estou louca para vê-la e ficar sabendo de tudo. Onde, e a que horas?

— No The Barn. Às dez e meia?

— Está ótimo. Quanto tempo você tem?

— Quanto eu quiser. Ele se ofereceu para ficar com as gêmeas o dia inteiro, mas não quero que ele tenha uma experiência ruim e que fique traumatizado para sempre.

— Não, claro que não. Garota esperta. Certo, vamos marcar às dez e meia, amanhã, e eu direi a Pete que estarei em casa por volta da uma. Ele está em casa, e pode cuidar das crianças. Está bom para você?

— Está ótimo — disse Demi, desligando com um sorri­so. Ela estava realmente ansiosa para aquele encontro. Seria a primeira chance que teria de ver Jane a sós desde que saíra do hospital com as crianças, e ela estava ridiculamente excitada.

Demi voltou para a sala de estar e encontrou Joe deitado de bruços, com Libby deitada de costas a seu lado, rindo enquanto ele fazia besourinhos, em seu estômago. Joe olhou por sobre o ombro, e Demi parou de admirar seu traseiro musculoso para sorrir para ele.

— Está tudo combinado. Vou encontrar Jane amanhã às dez e meia, em uma cafeteria perto do centro de artesa­nato, a alguns quilômetros daqui. Estarei de volta perto da uma hora. Está bem assim?

— Está bem. Está ótimo. Ficaremos bem, não é, coisinha? — disse ele, sorrindo e voltando-se para Libby, e Demi ficou livre para admirar aquele traseiro lindo sem interrupção.

*****
— Então, conte-me tudo! Eu andei tão preocupada com você — disse Jane, depois que elas já estavam acomoda­das na cafeteria.

— Não, você só quer saber os detalhes sórdidos — pro­vocou Demi.

— Bem, claro que eu quero os detalhes sórdidos — disse Jane.

— Bem... eu não sei. Às vezes, eu acho que tudo está indo bem, e outras vezes... bem, ele trapaceia um pouco.

— Trapaceia?

— Não como você está pensando. Nós temos regras. Duas semanas: nada de telefonemas, nada de acesso à Internet, nada de escapulir para Londres ou ficar a noite inteira acordado, trabalhando. E, na maior parte do tempo, Joe tem sido ótimo. Mas ele tentou pegar o celular es­condido; ele ligou para o próprio número usando o meu, e acho que ele esperava ouvi-lo e encontrá-lo, mas eu tinha escondido o aparelho debaixo do meu travesseiro no modo silencioso. Atendi e dei uma bronca nele.

— Opa.

— Pois é. E estávamos procurando na Internet uma nova casa para mim. Joe se sente desconfortável pelo fato de eu estar morando na casa de outro homem, e, se ele quer comprar uma casa para mim... — Ela deu de ombros. — Mas não conseguimos encontrar nada por aqui que fosse totalmente adequado para, nós. Bem, para mim, na verda­de, porque, como Joe diz, ele estará em Londres, e eu quero estar perto dos meus amigos. E esse é o problema, é claro. Ele não quer viver aqui; não pode, na verdade, tra­balhando do jeito que trabalha, e eu não vou voltar para Londres antes de ter certeza absoluta de que ele está le­vando tudo isso a sério e vai se comprometer em longo prazo. É um pouco parecido com uma dieta relâmpago: você pode aguentar por alguns dias, mas depois algo aca­ba interferindo.

Demi empurrou o prato com uma fatia de um bolo de chocolate perturbador de tão bom na direção da amiga, entregando-lhe o garfo. Jane deu de ombros, roubou outro pedaço de bolo e o devolveu para Demi.

— Sinta-se livre para me mandar para o inferno, mas ele realmente precisa trabalhar? Quero dizer, trabalhar para viver? Para ganhar dinheiro?

— Não. Absolutamente não. Ele nunca mais precisa trabalhar, se não quiser. Mas Joe ficaria louco. Ele é vi­ciado em adrenalina. Não consegue viver sem a emoção.

— E, por falar nisso — disse Jane, com um brilho ma­licioso nos olhos —, você está parecendo toda apaixonada no momento. Devo presumir que essa parte da reconcilia­ção está indo bem?

Mia sentiu uma onda de rubor lhe colorir as faces.

— Isso — disse ela, apontando o garfo coberto de cho­colate para a amiga — não é da sua conta.

— Isso é um "sim", então. Graças a Deus por isso.

— Por quê?

— Porque ele é o homem mais sexy vivo! Não me enten­da mal, eu adoro o Pete, mas o seu Joe é um pedaço do mau caminho, e seria um grande desperdício não aproveitar.

Demi suspirou.

— Isso é parte do problema, obviamente. Se ele se pa­recesse com um ogro e fosse um desastre na cama, seria mais fácil deixá-lo.

— Mas você não quer deixá-lo — comentou Jane, de forma razoável. — Você só quer viver com ele em algum lugar que não seja a conexão para seu próximo voo. Você só precisa encontrar um jeito de mantê-lo ao seu lado.

Demi revirou os olhos.

— E o jeito de fazer isso é...?

— Que tal se ele trouxesse o escritório para cá?

— O quê?

— Você me ouviu. Muita gente está fazendo isso. Ou ele poderia trabalhar em casa.

— Se ele pudesse trabalhar em casa, não estaria em Tóquio ou Nova York o tempo todo.

— Ah, mas existe uma diferença entre querer e poder. Ele pode trabalhar em casa. Só não queria, até agora. Este é o "xis" da questão. Você vai comer o resto do bolo?

— Você deveria ter pedido uma fatia — disse Demi, empurrando o prato novamente na direção de Jane.

— Não. Estou de dieta.

— Sei, sei. Então você acha que eu deveria encontrar um modo de manter Joe aqui no interior?

— Aham. A não ser que você queira algemá-lo na cama, o que obviamente também é uma boa opção.

— Você é incorrigível. É tão bom ver você assim, no­vamente. Se ao menos eu não tivesse que me mudar tão logo. Você sabia que John está voltando em um ou dois meses, e eu preciso encontrar outro lugar para morar?

— Não — disse Jane, sacudindo a cabeça.

— Pois é, mas ele está.

— Não, não está. Ele conheceu alguém. Ele não lhe contou? Um cara de Chicago, 15 anos mais novo, que quer que ele se mude para lá permanentemente. Mas John está dividido.

— A respeito do cara?

— Não, tenho certeza de que não. A respeito de Murphy, eu acho. Se não fosse por aquele cachorro, acredito que ele se mudaria, mas você sabe como ele adora o animal. E o chalé. Mas o cachorro é o grande obstáculo.

— Então... se ele ficar — disse Demi lentamente —, o que você acha que ele vai fazer com o chalé?

Jane deu de ombros.

— Vendê-lo, suponho. Eu não sei. Não falei com ele, foi Pete quem atendeu o telefone na noite anterior, quando eu estava no banho. Isso é tudo o que eu sei. Já era bem tarde, e foi provavelmente por isso que ele não telefonou para você. Por que você não liga para ele?

— Talvez eu ligue — disse ela. — É bem provável que eu faça isso. Qual é a diferença de fuso para Chicago? Seis horas a menos?

— Algo assim.

— Então, quando eu chegar em casa, serão apenas sete horas. Cedo demais.

— E você pode querer falar com Joe.

— Ou não. Eu posso querer apresentar a ele uma solu­ção definitiva e ver o quanto ele tenta escapar dela. É fácil falar em teoria, mas, quando se trata da coisa real, eu posso ter uma resposta mais honesta se ele puder ver tudo, preto no branco, e tiver que tomar uma decisão, de um jeito ou de outro. Se ele se sentir encurralado, não vai funcionar, e pelo menos eu saberei.

E, se Deus a ajudasse, as coisas não chegariam naquele ponto.

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Amo quando vocês comentam e interagem comigo! 
Estamos na reta final!
xoxo

3 comentários:

  1. ameiii....... que pena que ta acabando :( .... Posta Maiiis!!!

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  2. Que mega perfeitoooo, esses dois se amam tanto que daqui dá para sentir o cheiro do amor rsrs, até que fim joe ta caindo na real e ta vendo que o lugar dele é ali com a demi e as meninas.A oportunidade ta ai para ficar juntos, a casa pode ser vendida, mas como tudo que estar perfeito temos que duvidar o joe com certeza vai fazer alguma burrada antes,beijos

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  3. Eles são muito fofos juntos!!! Pena que ta acabando!!! Continua...

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