14.6.16

Paixão Inesperada - Capitulo 30 - O Maior Dos Amores


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Joe
Dois meses depois...
— Como estão os preparativos, amor? — Seguro o celular entre o ombro e a orelha enquanto uso as duas mãos para fazer uma curva acentuada. — É? Ótimo! Você sabe que pode me passar mais coisas para fazer, não é? Não quero que você fique sobrecarregada com o casamento, o bebê, a faculdade e tudo o mais. Prometo fazer tudo direitinho e não estragar nada. — Rio com sua resposta.
— O que? Ah sim, já cuidei dos convites, pode ficar tranquila...Sinto muito, mas hoje não vai dar. Tenho um almoço com Charlie...Sim, sim, não se preocupe. Eu aviso se eles mudarem a data da audiência...Não, eu já disse que não quero você lá, amor...Não interessa, quero você e minha princesinha o mais longe possível daquela maluca...Tudo bem, nos falamos mais tarde. Te amo. — Encerro a ligação com a sensação que eu ainda vou ter algum trabalho para convencer Demi a não me acompanhar a audiência de Eva. Apesar de Demi insistir que seu testemunho é necessário, temos tantas provas contra Eva que Charlie acredita não ser necessária a sua presença. Decisão da qual eu assino embaixo.
Conseguimos juntar provas suficientes da chantagem de Eva, além do dossiê recheado que Will me entregou e que por sua vez, entreguei a Charlie que o anexou nas acusações contra Eva. Acontece que na investigação muito bem realizada por meu amigo, muitas coisas sujas do passado de Eva foram desenterradas, além das coisas mais recentes, como por exemplo, o fato dela estar fraudando documentos e desviando dinheiro da empresa do marido. Depois de dois meses de enrolações, a justiça finalmente será feita e ainda essa semana Eva será julgada, e segundo Charlie, condenada a pagar pelo que fez. Mas de qualquer forma, ela já recebeu o que merecia. Depois da suspeita levantada contra ela, pelo o que eu fiquei sabendo, uma bela de uma investigação muito mais minuciosa do que a de Will, foi feita pelos acionistas da Thompson Reuters Company. Carlson pediu o divórcio e a deixou com uma mão na frente e outra atrás. Não sei se essa parte é verdade, mas parece que ele a humilhou e a expulsou de casa, sem deixar que ela levasse suas joias, roupas ou nada que fosse de valor. E agora além do meu processo contra ela, ainda há o da própria T. R. Company. É, a situação de Eva não é muito promissora.
Charlie – que é um excelente advogado por sinal – conseguiu uma ordem na justiça para apreender todas as cópias da filmagem, e graças a Deus, os pais de Demi não sabem de sua existência, muito menos outras pessoas.
Chego a Townsend e vou direto para meu escritório, tenho que me esforçar para me concentrar em meus afazeres e não no almoço que terei com Charlie para esclarecer algumas últimas coisas antes da audiência.
Entrelaço meus dedos nos de Demi e entramos no consultório. Como nas outras vezes, falamos com a recepcionista, Demi lhe entrega um papel que ela destaca e depois carimba e vamos nos sentar na sala de espera.
Essas cadeiras desconfortáveis e estreitas são perfeitas apenas por um motivo; Demi tem que praticamente sentar em meu colo para não invadir o espaço da pessoa que senta no seu outro lado.
Passo meu braço por seus ombros e a abraço, enfio meu nariz em seus cabelos e inalo o familiar e reconfortante perfume. Ela já tem cheiro de lar, meu lar.
Espalmo minha mão em seu estômago e faço movimentos circulares e gentis. Depois de vários e vários minutos que pareciam não passar nunca, o nome de Demi foi chamado e nós entramos para falar com a médica.
Como sempre eu não entendo nada, Demi balança a cabeça concordando e eu apenas fico olhando para a médica me pergunta o que diabos ela quer dizer. Ela examina Demi, faz perguntas de como ela tem estado desde a última consulta e enfia aquele negocia dentro dela. Meu Deus, já começo a ter calafrios quando ela pede que Demi coloque o avental e deite com as pernas abertas, quando ela pega aquele negocio e coloca uma camisinha e um gel e enfia no meio das pernas da minha mulher, eu juro que posso desmaiar, toda vez.
— Como você espera assistir o parto se não consegue nem assistir a um exame de ultrassom transvaginal, papai? — A médica pergunta com um sorriso brincalhão nos lábios. Essa mulher tem zombado de mim desde a primeira vez que eu vim aqui com Demi.
“Quem é que disse que eu vou assistir o parto? Gritaria mais que Demi quando a hora chegasse.”
Ela continua o exame e não parece ter nada fora do normal, nem com Demi nem com o bebê. Não consigo segurar minha ansiedade, apesar de Demi já ter tentado me explicar que vai demorar algumas semanas ainda, mas quero ouvir o que a médica tem a dizer, por isso lhe pergunto:
— Doutora, você não pode ver se é menino ou menina com esse aparelho aí? — Pergunto apontando para a enorme coisa que ela retira de dentro da minha futura esposa.
— Ainda é cedo demais, papai. Existe procedimentos para descobrir o sexo da criança já com 8 semanas de gravidez, mas o mais recomendado é esperar até a 16ª semana.
— Então vamos ter que esperar quase dois meses? — Demi intervém.
— Se vocês quiserem ter certeza, então sim.
— Não precisamos desse procedimento, já sabemos que é uma menininha. — Digo me aproximando de Demi e lhe fazendo um carinho na testa.
— Ah, mais um pai vidente, que divertido. — A médica diz. Estou falando, ela não perde uma oportunidade de zombar de mim.
Demi tem permissão para se vestir e voltamos a nos sentar na mesa de frente para a doutora, que agora escreve algo em alguns papeis de receita.
— Aqui está, querida. Tudo está normal, mas gostaria que você tomasse essas vitaminas. — Ela entrega as receitas. — Uma é logo quando você acorda e outra uma hora antes do jantar. Não há necessidade de você voltar antes que daqui um mês, mas caso aconteça qualquer coisa nesse período, sinta-se a vontade para me ligar ou vir aqui.
— Muito obrigada, doutora. — Demi levanta-se e elas trocam um aperto de mão.
Nos despedimos e seguimos para o carro. Pego as receitas da mão de Demi e tento me lembrar qual a farmácia mais perto.
Demi
Sei que Joe não deve estar nada feliz, e apesar de estar apreensiva, acho que o certo a fazer é ir assistir essa audiência.
Não sei muito bem que roupa usar nesse tipo de ocasião, então coloco uma calça preta, uma blusa de seda e um blazer.
Demorei para conseguir convencer Joe a me levar junto, foi necessário uma boa tática de persuasão, mas finalmente, meio de mau humor, ele cedeu.
No horário combinado, desço e encontro Joe dentro de sua caminhonete me esperando. Quando ele me vê, sai e abre a porta para mim.
— Oi, meu amor. — Digo dando-lhe um beijo. Pela expressão em seu rosto, posso dizer que ele não está nem um pouco confortável com essa situação.
— Oi. — Ele diz simplesmente.
— Ah Joe, não fique com essa cara.
— Que cara?
— Que cara? — Imito sua voz grossa e tento fazer graça, mas ele não sorri. — Essa cara que você está agora.
— Eu não queria que você fosse, eu já disse isso. — Ele diz ficando emburrado como uma criança.
— Mas acontece que eu vou, então trate de tirar essa carranca do rosto. — Digo entrando no carro e fechando a porta.
Ele entra no carro e dá a partida, o caminho todo até o Tribunal é feito em silêncio. Posso sentir a tensão que emana de Joe. Ele está nervoso por ver Eva novamente, e eu também estou, confesso.
Quando chegamos lá, a primeira pessoa que encontramos é Charlie, o advogado que está defendendo Joe nesse caso de chantagem.
— Joe.
— Charlie. — Eles trocam um aperto de mãos.
— Lembra-se da minha noiva, Demi?
— Ah sim, mas é claro, como esquecer uma jovem tão linda. — Ele diz beijando minha mão. — Como vai a gravidez?
— Muito bem, obrigada.
Joe e Charlie conversam e usam termos legais que eu desconheço, então logo estou por fora e deixo de prestar atenção ao que se está sendo dito. Observo o grande e elegante saguão onde aguardamos o julgamento, ele é todo decorado em cores escuras, os barulhos das solas dos sapatos que se chocam contra o mármore do piso parecem trovões.
Logo um homem na faixa dos 40 e poucos anos, bem apessoado, charmoso e com uma presença imponente entra no saguão acompanhado de três homens igualmente intimidantes.
— Aquele é Carlson Thompson, o ex marido de Eva e o dono da empresa na qual ela estava desviando dinheiro. — Joe me esclarece em tom sussurrado.
— E também o homem que fez a burrada de dispensar um contrato com vocês só porque a esposa o convenceu. — Complemento enquanto observo o Sr. Thompson de longe. Como um homem com um charme e uma aura de poder assim como ele, pode se deixar influência por uma mulher como Eva? Mesmo ela sendo sua esposa e advogada na época, ele deveria ter sido mais esperto e visto que ela estava errada.
— Exatamente...Amor, tem certeza que você não quer ir para casa com a Serena e descansar?
Olho-o com uma sobrancelha levantada e cruzo os braços.
— Serena?
— Sim. É que eu fiz uma lista de nomes de menina que eu acho bonito, aí resolvi começar a testar.
— Eu acho que além dessa criança começar desde cedo a desenvolver transtorno de personalidade múltipla, também vai desenvolver um trauma, porque você vai ficar chamando por nomes de meninas, sendo que nosso bebê é um menino. — Joe ri e envolve os braços em minha cintura.
— Você não acredita mesmo no meu sexto sentido de pai, não é?
— Hey, são as mulheres que tem sexto sentido.
— Vai ser menina. — Ele diz confiante.
— Vai seu um menino. — Digo.
— Quer saber, não importa. De qualquer forma, seja o que for, teremos que rapidamente fazer outro bebezinho para aquele que errar o sexo. Aí você fica com um menino e eu com uma menina.
— Ah é? E quantos outros filhos você pretende fazer comigo? — Pergunto laçando seu pescoço e puxando sua boca para perto.
— Pelo menos cinco. — Ele responde me pegando de surpresa.
— Cinco? Não, três está bom.
— Quatro. — Ele tenta negociar.
— Três. — Digo balançando a cabeça.
— Tudo bem, três. — Ele diz revirando os olhos e fingindo estar bravo. Eu rio dele e Joe me dá um beijo. Quando começo a me esquecer de onde estamos e o beijo começa a se aprofundar, um limpar de garganta no separa.
— Vai começar. — Charlie diz desconfortavelmente, sem nos encarar nos olhos.
— Tudo bem, obrigado.
— Chegou a hora. — Digo com um misto de ansiedade e medo.
— Tem certeza que você não...
— Joe...Não. — Ele revira os olhos, dessa vez de verdade, e seguimos Charlie para a sala onde testemunharemos qual será o destino de Eva.
Um pouco hesitante eu entro na sala, até que Joe me tranquiliza dizendo que Eva ainda não está presente.
Joe se recusa a sentar ao lado do seu advogado e de Carlson e seus homens, vamos nós dois nos sentar nas cadeiras reservadas ao público, como essa não é uma sessão aberta não há mais ninguém presente, nem mesmo a imprensa. Aposto que Carlson fez tudo em seu poder para que essa história não vazasse na mídia.
Não precisei nem vê-la, para saber que ela havia entrado na sala. De repente o ar ficou mais pesado, meu coração começou a bater rapidamente e um calafrio percorreu meu corpo. Logo em seguida, Eva passou com um homem – que suponho ser seu advogado – a ladeando. Impecável como sempre, ela usa um terninho preto com lapelas de seda, que combina com seus longos e sedosos cabelos negros. Ela parece uma viúva negra, pronta para injetar seu veneno.
Um brilho de surpresa passa em seus olhos azuis claros quando ela me vê sentada ao lado de Joe, mas logo é substituído por divertimento, como se ela estivesse achando tudo isso muito engraçado. Um teatro, um circo, uma palhaçada.
Um sorriso lento desliza em seus lábios e ela se dirige para seu lugar. Não sem antes eu perceber o olhar que ela e Carlson trocam. As coisas não estão em um estado amigável entre eles, e imagino que não tinha como ser diferente, depois do que ela fez.
Não demora muito para que a audiência comece. As próximas duas horas passam lentamente e são extremamente exaustivas, mas tento acompanhar tudo o que se está sendo dito.
Depois de um intervalo de meia hora, onde podemos esticar as pernas e comer algo rapidamente, voltamos para escutar a sentença.
O promotor se pronuncia e enrola um monte até dizer qual é a decisão final. Quando ele profere a palavra ‘culpada’ Eva parece realmente surpresa. Ela achou mesmo que iria se safar dessa? Mesmo com o melhor dos advogados, era uma causa perdida, depois de todas as provas...
Seu advogado lhe segura pelo braço e sussurra lhe algo que imagino que seja um alerta para que se controle.
Eva é condenada há passar sete anos na cadeia, podendo fazer um terço dessa pena em liberdade, caso haja bom comportamento, e realizando trabalhos comunitários.
Eu achei uma pena leve, mas Eva não parece compartilhar da minha opinião, pois ela se levanta dando um tapa na mesa e começa e gritar, indignada por ter que ir para a cadeia. Carlson também se manifesta, expressando seu descontentamento com o que ele chamou de “absurdo”. Pela raiva em seus olhos, Eva passaria a vida toda presa.
Seu advogado tenta acalma-la e logo os seguranças são chamados para conte-la. Depois de agredir um dos seguranças, ela é algemada e arrastada para fora da sala.
Joe e eu nos levantamos quando os dois homens puxam-na pelo mesmo corredor no qual ela entrou com aquele sorriso prepotente e o queixo erguido em superioridade.
Procuro pela mão de Joe atrás de conforto, e ele envolve seus braços em minha cintura.
— Você vai me pagar, Joe. Você vai me pagar. — Ela grita, parecendo mais do que nunca, louca. Os seguranças tentam arrasta-la para fora, mas ela resiste com uma força e determinação impressionantes. — Vocês dois, você e essa sua vadia. Guarde bem minhas palavras, putinha, você vai me pagar. — Instintivamente minha mão vai protetoralmente até minha barriga, que com um pouco mais de oito semanas, está levemente saliente.
Eva segue com os olhos o meu movimento, ela olha com choque o pequeno volume em meu estômago e depois olha diretamente em meus olhos.
— Vocês dois vão se arrepender. Você vai se arrepender, eu vou acabar com a felicidade de vocês, eu vou destruí-los. — O olhar cego por vingança e a expressão diabólica que ela carrega em seu rosto me fazem tremer e Joe me abraça mais apertado. — Eu vou me vingar... — Essas são suas últimas palavras antes que Eva seja arrastada para fora, e seus gritos não passem de ecos de um mau presságio.
Minhas aulas de hoje terminaram e decido almoçar em casa mesmo, Aletta nunca está nesse horário por lá então devo ter um pouco de sossego.
Faz uma semana desde o julgamento de Eva, e eu ainda não consigo tirar da cabeça os seus gritos histéricos jurando vingança. Joe tentou me tranquilizar, disse que ela nada pode fazer detrás das grades, mas acho que só agora estou começando a me sentir mais tranquila.
Abro a porta do apartamento e a primeira coisa que vejo é a bolsa da minha insuportável colega de quarto jogada no chão.
O que diabos ela faz aqui? Aletta nunca para em casa, um dos motivos de ter sido consideravelmente fácil continuar vivendo no campus.
Assim que fecho a porta ela surge do nada atrás de mim, me dando um susto.
— Até que enfim você chegou. — Ela diz cruzando os braços na frente do corpo e com um brilho estranho no olhar.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.
— Eu moro aqui também, sabia? — Ela diz sarcasticamente.
— Você sabe o que eu quis dizer. Você nunca está em casa para o almoço. — Digo passando por ela, deposito minhas chaves no balcão e retiro meu casaco.
— Eu sei, mas eu estava querendo muito falar com você.
— Alguma coisa com relação ao apartamento? Não me diga que você vai sair daqui! — Digo com animação e uma pontada de esperança.
— Não é isso. — Ela revira os olhos e faz um som grotesco com a garganta.
— Então fale logo, não tenho o dia todo. — Descanso as mãos na cintura.
— Me diga uma coisa, o seu noivo se chama Joe Jonas, não é?
— Sim, por quê?
— Ah, eu só queria ter certeza. Sabe, tá rolando um vídeo muito...Revelador dele na internet. — Ela pega seu celular do bolso da calça, clica na tela e vira o aparelho para mim.
Gemidos sexuais enchem a sala vindos do pequeno aparelho em suas mãos. Não tenho nem tempo de alertar a mim mesma para virar o rosto, meus olhos parecem ser puxados para a tela onde o vídeo que Eva fez de Joe está passando.
Levo a mão até a boca para impedir que um grunhido de dor me escape por entre os lábios. Claramente é Joe, muito mais novo, mas é ele. Meu noivo está de joelhos em uma cama com mais um homem e três mulheres. Ele investe contra uma mulher de quatro enquanto ela faz sexo oral em outra.  
Os gemidos são altos, frenéticos, obscenos, pura luxúria.
— Desligue isso. — Digo apertando os olhos com força e virando a cabeça.
— Pela sua reação você ainda não tinha visto, eu presumo. — Os gemidos continuam a chegar até meus ouvidos. Tampo-os com ambas as mãos tentando inutilmente não escuta-los.
— Desligue isso, agora. — Grito para ela, mas Aletta não para o vídeo. Um gemido em particular fica mais alto e desesperado. Uma das mulheres deve estar chegando ao orgasmo.
“Ah meu Deus!”
Corro até meu quarto e fecho a porta com força, mas ela bate no pé de Aletta e volta para trás, batendo na parede com força.
— Me deixe em paz. — O vídeo ainda está passando em seu celular e não quero nem imaginar o que eles estão fazendo agora, mas os gemidos são muito sugestivos.
— Eu não consigo parar de ver esse vídeo, e aposto que muita gente também. Agora sim eu entendo o porquê você dispensou Vince para ficar com esse cara, ele é demais. Deve ser tão melhor que Vince na cama. Como eu gostaria de passar uma noite com ele...
— Cala a boca. — Grito para ela. — Cala essa maldita boca, sua vadia. — Arranco o celular de sua mão e jogo com toda a minha força na parede. Ele se choca contra a parede e depois se desmonta no chão.
Aletta me olha chocada e fica furiosa.
— Sua idiota, meu celular. — Ela vai ajuntar o aparelho quebrado do chão. — Você vai me comprar um novo.
— Eu disse para você parar. — Me defendo.
— Você é louca mesmo. Bem feito que esse vídeo tenha vazado, e sabe o pior? Ele está bombando na internet. Já tem mais de 600 mil visualizações, e olha que foi postado somente há 6 horas.
“Oh não! Cem mil visualizações por hora? Não acredito, isso não pode estar acontecendo. Como?”
— Eu já achava que ele era homem demais para você, mas depois de vê-lo em ação? Agora tenho certeza. Ele merece uma mulher como eu, ah sim, eu saberia dar um trato nele, pegar gostoso...
Antes que eu possa assimilar o que estou prestes a fazer, minha mão levanta e então desce com toda a força no rosto de Aletta, fazendo sua cabeça virar com violência e provocando um estalo alto.
Ela imediatamente esconde a marca vermelha da minha mão em seu rosto e me olha horrorizada. Ela não esperava esse tipo de reação de mim, confesso que eu também fiquei surpresa com a minha explosão.
— Cretina, você me paga... — Não fico para escutar o resto, saio correndo em direção à saída. Mas Aletta vem atrás de mim, ela está bufando de raiva. Ela agarra meus cabelos e sua mão vai em direção ao meu pescoço, consigo me desvencilhar, mas não sem antes receber um arranhão, que me faz gemer de dor.
Pego minha bolsa, quase derrubando o seu conteúdo na pressa de sair daqui. Desço as escadas correndo e me afasto o mais de pressa possível do prédio, olho para trás mas Aletta não me segue.
Percebo que estou soluçando e tremendo, mal consigo enxergar de tantas lágrimas que escorrem de meus olhos.
Agarro meu celular e ligo para Miley, tenho que digitar duas vezes porque tremo tanto que aperto o numero errado.
— Oi, sis. Como vai? — Ela atende animada.
— Miley... — Minha voz se quebra e ela assume um tom preocupado na hora.
— Demi, você está chorando? O que aconteceu?
— Ah Miley... — Choro e não consigo lhe dizer coisa alguma.
— Calma, sis. Respire. Me diga onde você está que eu vou te encontrar.
— Por favor, eu preciso de você... — Digo tampando a boca tentando conter os soluços.
Joe
Assim que saio da reunião ligo o celular e vejo que tem quinze chamadas perdidas de Miley e duas mensagens. Estranho.
Abro a primeira mensagem e está escrito:
Miley: Joe, onde vc está? Te liguei várias vezes, me ligue assim que puder!!
A outra tinha sido enviada sete minutos depois da primeira.
Miley: Joe, me ligue agora!!! É a Demi!!
Meu corpo todo gela e sinto um nó no estômago. A segunda mensagem foi enviada a mais de meia hora atrás.
“Merda, merda, merda! O que será que aconteceu com Demi?”
Vou apressadamente para minha sala e chamo Miley. Ela atende no segundo toque.
— Alô, Miley? Sou eu, o que houve? Demi está bem? É o bebê? — Minhas perguntas saem atropeladas.
— Calma, Joe. Ela está bem, por enquanto pelo menos.
— O que aconteceu? Quero falar com ela, passe o celular.
— Ela está dormindo agora, eu lhe dei um calmante.
— Porque diabos você lhe deu um calmante? Ela está grávida, não pode ficar tomando essas coisas. — Sei que Miley não tem culpa de eu estar nervoso, mas mesmo sem merecer grito com ela.
— Porque eu não sabia mais o que fazer, você não atendia o celular...Fiquei perdida aqui.
— O que aconteceu, Miley? — Pergunto andando de um lado para o outro da minha sala.
— Não sei ao certo. Demi me ligou chorando e muito nervosa, fui busca-la e ela estava chorando muito e com um arranhão...
— Um arranhão? Como assim um arranhão? Onde? Quem fez?
— Calma, Joe. É na lateral do pescoço, não sei quem fez, ela não disse coisa com coisa. Quando eu perguntei o que aconteceu, ela só ficou falando sobre um tal vídeo que foi parar na internet e “como ela conseguiu fazer isso?” — Suas palavras me fazem congelar no lugar, sinto algo estranho, uma tontura e enjoo. — Você sabe do que ela está falando?
— Miley, ela disse se viu o vídeo? — Pergunto com medo na voz.
— Ela não disse nada, mas acho que para ficar daquele jeito deve ter visto, não sei...O que está acontecendo, Joe?
— Por favor, Miley, fique com ela. Não a deixe sozinha, ok? E qualquer coisa me ligue, meu celular vai ficar ligado o tempo todo. Quando ela acordar me avise.
— Tudo bem, mas o que... — Desligo em sua cara.
“Deus, não! Demi viu o vídeo, ela tinha prometido, caralho! O que eu faço agora, ela me viu fodendo outras mulheres...Ao mesmo tempo.” Cubro a boca com medo que a bile suba.
“Foi ela...Foi Eva, aquela vadia desgraçada! Mas como?”
Uma raiva descomunal se acende dentro de mim. Meu vídeo está na internet, para todos verem. E o pior, Demi o viu.
“É tudo culpa daquela mulher. Maldita, maldita, maldita, mil vezes maldita!”
Começo a tremer de ódio e vejo vermelho. Vermelho de vingança, de sangue, quero estrangular Eva com minhas próprias mãos. Ela deu um jeito de colocar o maldito vídeo na internet, mesmo presa.
Sinto vontade de gritar, então grito. Sinto vontade de destruir tudo, então destruo. Jogo todo o conteúdo de minha mesa no chão; Papeis, telefone, pastas, meu computador, até mesmo o porta retrato de Demi. Pego a luminária e jogo contra o vidro da janela. Atiro as almofadas do sofá na parede, atingindo os quadros e os derrubando. Pego todas as decorações da estante e jogo no chão, na parede, em todas as direções. Quebro tudo, e minha raiva não diminui o suficiente.
— Maldita. — Grito com todas as minhas forças.
Quando não tem mais nada para que eu possa quebrar, me acalmo, respiro fundo e tento recuperar o fôlego.
— Por quê? Por que meu Deus? Eu só quero paz, só isso. Só quero ser feliz. — Sinto o desespero tomando conta e começo a chorar.
E agora? O que Demi vai dizer? Ela vai ficar com nojo de mim, eu sei que ela disse que nunca iria me abandonar...Mas e se ela tiver ficado muito chocada?
A porta da minha sala abre subitamente e minha secretária entra, parando assustada enquanto olha para todo o estrago que fiz.
— Senhor...
— Chame Will, e coloque Charlie Spencer no telefone...Agora! — Grito, fazendo-a dar um pulo.
— Sim, senhor. — Ela fecha a porta apressadamente com uma cara de medo.
Imagino que eu deva estar de dar medo mesmo.
Demi
Volto à consciência preguiçosamente. Sinto uma mão acariciando minha testa e meus cabelos, meus olhos tremem e estão pesados demais para abrirem.
— Demi, acorde. — Uma voz carinhosa me chama. — Acorde, minha linda.
Com algum esforço abro os olhos e vejo Joe sentado na beirada da cama, ao meu lado. As caricias que eu senti ao acordar vinham dele.
— Joe? — Pergunto meio grogue.
— Como você está, amor?
— Bem, eu... — Levanto-me e sento-me, tentando clarear minha mente confusa. Aos poucos minhas memórias vão voltando. — Joe, o vídeo... — Digo, minha voz saindo esganiçada pelo desespero.
— Eu sei, amor, eu sei.
— Ela disse que ia se vingar, ela disse...Oh Joe, já foi visto por muita gente, muita gente mesmo. — Sinto meus olhos marejarem.
— Eu sei, linda. Charlie já está tomando as providências para tentar rastrear a fonte e tirar o vídeo do ar.
— Ah meu Deus, minha cabeça. — Sinto uma dor no lado esquerdo. Escondo o rosto nas mãos procurando alivio para a dor.
— Demi... — Joe me chama com uma voz fraca. — Você viu, não viu? O vídeo. — A tristeza em sua voz esmaga meu coração. Olho para ele, mas não consigo responder, apenas balanço a cabeça. Aquelas imagens se repassando em minha mente, juro que ainda posso ouvir os gemidos. — Não. — Ele desvia o olhar e aperta o nariz, fechando os olhos com força. — Me perdoa, meu amor. — Ele balança a cabeça, inconformado.
— Sinto muito, eu não queria ver, mas...Aletta me pegou desprevenida, ela simplesmente me mostrou e eu fui incapaz de desviar o olhar. Mas não assisti até o final.
— Pelo menos isso. — Ela parece um pouco – bem pouco – aliviado. Me pergunto o que será que ele faz no final do vídeo? As coisas só devem ter ficado piores.
— Aquele pedaço de merda que você chama de colega de quarto é quem te mostrou o vídeo?
— Sim, eu fiquei sabendo que estava na internet por ela.
— Quem fez isso no seu pescoço? — Ele pergunta apontando para o meu lado direito, levo a mão e me encolho na hora que toco minha pele rasgada e dolorida.
— Foi ela, nós discutimos. Eu quebrei seu celular e lhe dei um tapa, ela puxou meus cabelos e me arranhou.
Joe levanta da cama e dá um soco na parede.
— Ela vai se arrepender. — Ele ameaça, sombrio.
— Não, Joe, é melhor...
— Você está bem?
— Sim.
— Tem certeza?
— Tenho.
— E Ivy? — Dou-lhe um sorriso triste, devido as circunstâncias, ao ouvir o outro nome que ele está testando para nosso bebê.
— Tudo bem com nosso bebê. — Acaricio minha barriga.
— Que bom. Vou pegar algo para cuidar do seu pescoço. Quer algo mais?
— Água, por favor.
— Claro. — Ele sai e dentro de poucos minutos está de volta.
Enquanto ele limpa meu arranhão com algo que arde, tento convence-lo de que estou bem e que não deve se preocupar.
— Estou bem, de verdade. Nós duas estamos.
— Ela vai pagar, isso não vai ficar assim...Mulher nojenta.
— Não. Deixe para lá.
— Como? Ela te bateu. — Ele diz indignado.
— Mas eu bati primeiro, eu perdi a razão quando levantei minha mão para ela. Vamos esquecer isso.
— Não sei se posso. — Ele solta um suspiro frustrado.
— Tente...Por mim. — Acaricio seu rosto.
— Tudo bem, vou tentar. Mas você não pode continuar mais morando com ela. — Ele diz irritado.
— Mas onde eu vou morar, Joe?
— Comigo, é claro. Logo vamos nos casar mesmo.
— Você está falando sério? — Só de pensar em trocar a companhia diária de Aletta por Joe, faz um sorriso brotar em meus lábios.
— Sim, a menos que...A menos que você tenha mudado de ideia, ou esteja repensando sobre nós...Você sabe, por causa do que você viu. — Ele abaixa a cabeça tristemente.
— Claro que não, eu te amo, nunca vou mudar de ideia. Se você estiver mesmo falando sério, eu aceito morar com você.
— Ah meu amor, isso vai ser perfeito. — Ele me dá um sorriso fraco, mas sincero, e me abraça.
— Eles tentam e tentam, mas nunca vão conseguir nos separar. Sua mãe tinha razão, nosso amor é o maior dos amores, Joe. Nada pode destruí-lo. — Sussurro com minha boca a apenas um suspiro de distância da sua.
— Deus, eu te amo tanto, você não faz ideia.
— Faço sim, porque eu te amo igual.
— Ah Demi...
— Me beije, Joe. — Ordeno e ele não demora em obedecer, junta seus lábios aos meus e por esse breve momento, enquanto nossas línguas se acariciam, esqueço de todos os problemas.  Imagino que ele e eu estamos na cabana nas montanhas, em Vermont. Que estamos à beira no lago, nos beijando, nos amando. Com apenas o céu e a natureza como testemunhas do nosso amor, que irá durar para sempre.


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